Reformulando narrativas

ADELMAN, Miriam;

Resumo:

É a teoria feminista e a perspectiva de gênero que lança luz sobre o uso discursivo de metáforas de gênero e permite avançar na compreensão do que está sendo codificado dessa forma. Ela ilustra que o gênero é uma linguagem de hierarquia e de ordem social que se tornou tão fundamental para nosso modo de vida que, como mostram o livro dela, o de Kimmel (1996) e de outros, recorrem-se a metáforas de gênero na produção da modernidade e seus discursos para falar de (e, não poucas vezes, mascarar) outras formas de hierarquia e desigualdade, como as de classe e raça.Como venho enfatizando ao longo deste trabalho, o surgimento do conceito de gênero marca exatamente um novo momento na teorização do social e se constitui no principal instrumento para entender a dupla questão da generificação da história e da historicidade do gênero (cf. Felski, op. cit.). Como venho argumentando, é um momento radical, uma ruptura epistemológica na medida que representa um momento a partir do qual tudo muda e nada pode ter exatamente o mesmo sentido de antes. O objetivo deste capítulo será mostrar como a invenção da categoria de gênero significa a inserção, dentro da teoria social, de uma nova categoria, que também muda o modo como são pensadas todas as outras categorias – categorias centrais na discussão sociológica como trabalho, consumo, a dicotomia público/privado, a pessoa, o sujeito, a ação social, a razão e o desejo, entre muitas outras, mudando assim o próprio conceito de modernidade.

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DOI: 10.5151/9788580391473-05

Como citar:

ADELMAN, Miriam; "Reformulando narrativas", p. 181 -218. In: A Voz e a Escuta: Encontros e desencontros entre a teoria feminista e a sociologia contemporânea. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580391473, DOI 10.5151/9788580391473-05