Encruzilhadas na educação: considerações epistemológicas e pedagógicas feministas negras

Santos, Milene Cristina

Resumo:

Inúmeras pesquisas empíricas atestam as desigualdades de oportunidades socioeconômicas, educacionais e culturais para crianças e adolescentes negras. O contexto pandêmico atual apenas visibilizou e aprofundou as desigualdades de raça, classe e gênero, agravando as injustiças distributivas e cognitivas de meninas negras no que concerne ao acesso à educação. As epistemologias feministas negras apontam para a necessidade de uma descolonização do paradigma eurocêntrico/supremacista branco, capitalista, androcêntrico/patriarcal que permeia a produção e reprodução de saberes, bem como o desenho e a implementação de políticas públicas educacionais. Os conceitos feministas e negros de interseccionalidade e de pedagogia das encruzilhadas são mobilizados como centros de potências para se pensar a pluralidade de caminhos de ensino-aprendizagem que reconheçam as demandas por reconhecimento, redistribuição e representação de meninas e mulheres negras.

102 downloads

DOI: 10.5151/9786555502688-12

Referências bibliográficas
  • AKOTIRENE, Carla, 2018. O que é Interseccionalidade? Belo Horizonte: Letramento, Justificando.
  • BENTO, Maria Aparecida Silva, 2002. Branqueamento e Branquitude no Brasil. In: Carone,
  • Iray; Bento, Maria Aparecida Silva (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, pp. 25-58.
  • BERTH, Joice, 2019. Empoderamento. São Paulo: Sueli Carneiro, Pólen. (Coleção Feminismos
  • Plurais).
  • CARNEIRO, Aparecida Sueli, 2005. A construção do outro como não ser como fundamento do
  • ser. Tese de Doutorado em Filosofia da Educação. São Paulo: Universidade de São Paulo.
  • CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.
  • CAVALLEIRO, Eliane (org.), 2001. Racismo e antirracismo na educação: repensando nossa
  • escola. São Paulo: Selo Negro.
  • COLLINS, Patrícia Hill, 2019. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução: Jamile Pinheiro Dias. 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2019.
  • CRENSHAW, Kimberlè Williams, 2002. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, Centro de Filosofia
  • e Ciências Humanas, Centro de Comunicação e Expressão, Florianópolis, Santa Catarina,
  • v. 7, n. 12, p. 171-188.
  • CRENSHAW, Kimberlè Williams, 1988. Toward a Race-Conscious Pedagogy in Legal Education. National Black Law Journal, Los Angeles, 11(1), 15p.
  • FRASER, Nancy, 2007. Mapeando a imaginação feminista: da redistribuição ao reconhecimento e à representação. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, 15(2), pp. 291-308,
  • maio-agosto de 2007.
  • FRASER, Nancy, 2015. Fortunas del Feminismo. 1ª ed. Quito: IAEN – Instituto de Altos Estudios Nacionales del Ecuador, 2015.
  • GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra, 2021. A educação de meninas negras em tempos de pandemia: o aprofundamento das desigualdades. Coordenação Suelaine Carneiro. São Paulo.
  • GONZALEZ, Lélia, 2020. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e
  • diálogos (org. Flávia Rios e Márcia Lima). Rio de Janeiro: Zahar.
  • HARAWAY, Donna, 1995. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o
  • privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, pp. 7-41.
  • HARDING, Sandra, 1993. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. Estudos Feministas, Florianópolis, n. 01, pp. 7-31.
  • HOOKS, Bell, 2003. Teaching Community: a Pedagogy of Hope. New York: Routledge, 2003.
  • HOOKS, Bell, 2010. Teaching Critical Thinking: Practical Wisdom. New York: Routledge.
  • HOOKS, Bell, 2013. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes.
  • HOOKS, Bell, 2019. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. São Paulo: Elefante.
  • KILOMBA, Grada, 2019. Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess
  • Oliveira. 1ª ed. Rio de Janeiro: Cobogó.
  • LIMA, Ivan Costa, 2014. Mulheres negras e educação: o protagonismo feminino em pedagogias
  • antirracistas. In: Silva, Joselina da; Pereira, Amauri Mendes (orgs.). O Movimento de Mulheres negras: escritos sobre os sentidos de democracia e justiça social no Brasil. Belo Horizonte: Nandyala.
  • LORDE, Audre, 2019. Irmã Outsider: ensaios e conferências. Trad. Stephanie Borges. 1ª ed.
  • Belo Horizonte: Autêntica Editora.
  • MATOS, Marlise, 2010. Movimento e teoria feminista: é possível reconstruir a teoria feminista a partir do Sul global? Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 18, n. 36, pp. 67-92,
  • jun. de 2010.
  • MESSIAS, Elizama Pereira, 2010. Educação das relações étnico-raciais: ações na cidade do Recife, trajetórias e contradições na luta pelo reconhecimento da população negra. Recife: Editora universitária UFPE.
  • MOREIRA, Adilson, 2019. Racismo recreativo. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen.
  • MUNANGA, Kabengele (org.), 2005. Superando o racismo na escola. 2. ed. Brasília: MEC.
  • NASCIMENTO, Elisa Larkin, 2001. Sankofa: educação e identidade afrodescendente. In: Cavalleiro, Eliane (org.). Racismo e antirracismo na educação: repensando nossa escola. São
  • Paulo: Selo negro, pp. 115-140.
  • NOGUERA, Renato, 2014. O ensino de filosofia e a lei 10.639. Rio de Janeiro: Pallas, Biblioteca Nacional.
  • NOGUEIRA, Sidnei, 2020. Intolerância religiosa. São Paulo: Sueli Carneiro, Jandaíra. (Coleção Feminismos Plurais).
  • ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Informe del Grupo de Trabajo de Expertos sobre los Afrodescendientes – Misión a Brasil. Conselho de Direitos Humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas, 2013. Disponível em: http://acnudh.org/wp-content/
  • uploads/2015/01/Brasil-Afrodescendientes.pdf. Acesso em: out. 2021.
  • ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Comité de Derechos Económicos, Sociales y Culturales. Aplicación del Pacto Internacional de Derechos Económicos, Sociales y
  • Culturales. Observaciones generales 13 [21º período de sesiones, 1999]: el derecho a la
  • educación [artículo 13 del Pacto]. Disponível em: https://www.escr-net.org/es/recursos/
  • observacion-general-no-13-derecho-educacion-articulo-13. Acesso em: out. 2021.
  • RIBEIRO, Djamila, 2019. O que é lugar de fala. São Paulo: Sueli Carneiro, Pólen.
  • RODRIGUES JR., Luiz Rufino, 2018. Pedagogia das Encruzilhadas. Revista Periferia, v. 10, n.
  • 01, pp. 71-88, jan./jun. de 2018.
  • SCHUCMAN, Lia Vainer, 2014. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: Branquitude,
  • hierarquia e poder na cidade de São Paulo. São Paulo: Annablume.
  • SILVA, Allyne Andrade; CARREIRA, Denise (orgs.), 2015. O Ministério Público e a Igualdade
  • étnico-racial na educação – contribuições para a implementação da LDB alterada pela Lei
  • 10.639/2003. 1ª edição. Brasília: Conselho Nacional do Ministério Público e Ação educativa.
  • SILVA, Allyne Andrade; CARREIRA, Denise (orgs.), 2015. Educação das relações raciais: balanços e desafios da implementação da Lei 10639/2003. São Paulo: Ação Educativa.
  • TODOS PELA EDUCAÇÃO. Do início ao fim: população negra tem menos oportunidades
  • educacionais. Todos pela Educação, 19 nov. 2019. Disponível em: https://todospelaeducacao.org.br/noticias/do-inicio-ao-fim-populacao-negra-tem-menos-oportunidades-educacionais. Acesso em: 10 out. 2021.
  • VENTURINI et al. As desigualdades educacionais e a Covid-19. Desigualdades Raciais e Covid-19, São Paulo, Afro-Cebrap, Informativo n. 3, nov. 2020. Disponível em: https://cebrap.org.br/wp-content/uploads/2020/11/Informativo-3-As-desigualdades-educacionais-e-a-covid-19-.pdf. Acesso em: out. 2021.
  • WALSH, Catherine, 2013. Presentación. Introducción. Lo pedagógico e lo decolonial: entretejiendo caminos. In: Walsh, Catherine (ed.). Pedagogías Decoloniales: prácticas insurgentes
  • de resistir, (re)existir, y (re)vivir. Tomo I. Quito: Abya Yala (Serie Pensamiento Decolonial),
  • pp. 15-68.
Como citar:

SANTOS, Milene Cristina; "Encruzilhadas na educação: considerações epistemológicas e pedagógicas feministas negras", p. 279-295. PósDebate: 10 anos: grupo de debates da pós-graduação da Faculdade de Direito da USP. São Paulo: Blucher, 2025.
ISBN: 9786555502688, DOI 10.5151/9786555502688-12