A formação do professor entre a academia e a escola: o estágio supervisionado e o ensino de língua portuguesa

PIETRI, Emerson de

Resumo:

Parece ser com base na tensão entre cultura acadêmica e cultura escolar que se tem apontado para uma suposta ambiguidade no caráter próprio ao estágio supervisionado: o licenciando deve aprender a ser profissional docente do modo como essa função se estabelece no contexto escolar, mas o deve fazer de maneira que aquilo que aprendeu no Curso de Graduação seja aplicado na realidade em que vivencia sua experiência enquanto professor em formação inicial. A ambiguidade se instaura: o estagiário deve aprender, sob a supervisão do docente da escola básica, o que caracteriza normalmente o trabalho em sala de aula de acordo com a ordem de uma dada disciplina, e, concomitantemente, sob a supervisão do docente da universidade, deve observar a escola como o lugar da necessidade de mudança. A tensão parece se produzir pelo fato de a relação com o espaço e o tempo do trabalho docente na formação inicial (e continuada) se fazerem como um processo de estranhamento, de alteridade, de não identificação
em relação à formação no bacharelado e ao próprio contexto escolar em que o docente atuará como profissional. Propõe-se como alternativa não mais observar essa tensão como um problema, mas passar a considerá-la a característica central das disciplinas de formação docente (dentre elas, o estágio supervisionado), de modo que o estranhamento, a consideração da alteridade, sejam as forças mobilizadoras para a produção discursiva dos professores em formação, em seu processo de elaboração de representações do trabalho docente.

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DOI: 10.5151/9788580392708-05

Como citar:

PIETRI, Emerson de; "A formação do professor entre a academia e a escola: o estágio supervisionado e o ensino de língua portuguesa", p. 99-116. Diálogos (im)pertinentes entre formação de professores e aprendizagem de línguas. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392708, DOI 10.5151/9788580392708-05