IMERSÃO, GAMES E REALISMO

Leite, Gilles Pedroza;

Resumo:

Em 30 de outubro de 1938, Orson Welles, conjuntamente ao grupo Mercury Theather, apresentou uma encenação na rádio CBS, da obra de H. G. Wells, Guerra dos mundos. A forma de representação da obra escolhida pelo grupo obteve um desfecho singular na época. O grupo optou por interromper a programação normal da rádio para transmitir uma mensagem urgente, a mensagem dizia que Nova Jersey fora invadida por extraterrestres. Logo após esse anúncio, seguiu-se um discurso do ministro do interior, e também, do presidente dos Estados Unidos, causando histeria coletiva. Como consequência, pessoas fugiam para todos os lados, as estradas estavam congestionadas a noite, padres foram chamados para confissões. Em Pittsburgh, uma mulher se matou para não ser violentada sexualmente por marcianos. Pilhagens ocorriam em cidades semiabandonadas. Em Nova Jersey, a Guarda Nacional foi chamada. Durante vários dias, após o ocorrido, a Cruz Vermelha teve de insistir para várias pessoas regressarem às suas casas. A partir deste exemplo, podemos perceber o quanto a realidade das pessoas pode ser modificada com uma simples estória e como elas se tornam completamente mergulhadas nessa nova realidade sem nem mesmo questioná-la. A vida da pessoa se torna aquilo que ela trata como real, mesmo que essa realidade seja transmitida por meios indiretos como: uma narrativa textual ou radiofônica, uma imagem, etc. A imersão causada pela representação narrativa de Orson Welles é um dos aspectos mais almejados por artistas de todas as áreas. O fator imersivo na obra de arte levanta questões não apenas de caráter estético, mas também de caráter técnico.

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DOI: 10.5151/9788580392807-01

Como citar:

LEITE, Gilles Pedroza; "IMERSÃO, GAMES E REALISMO", p. 19 -34. In: Games, Ludi & Ethos. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392807, DOI 10.5151/9788580392807-01