Percepção e atitudes linguísticas em relação às africadas pós-alveolares em Sergipe

FREITAG, Raquel Meister Ko.; SANTOS, Adelmileise de Oliveira;

Resumo:

Os estudos sociolinguísticos realizados no Brasil têm contribuído significativamente para a descrição do funcionamento da língua em seus contextos reais de uso e, assim, subsidiar o desvelamento de uma norma linguística brasileira do Português, no âmbito da produção. No entanto, a dinâmica da variação linguística não só reflete as diferenças sociais, mas também expressa o posicionamento dos falantes dentro do mundo social, e possibilita, por meio deste posicionamento, construir e reconstruir o mundo (CAMPBELL-KIBLER, 2009; ECKERT, 2012). Os direcionais da consciência social de um fenômeno variável, observado a partir da sua distribuição em função dos fatores sociais controlados na amostra, configuram a sociolinguística da percepção: o julgamento do ouvinte, ao correlacionar fatores sociais a traços sociolinguísticos, constitui um padrão de consciência social na comunidade. Cabe destacar que o nível de consciência social é um aspecto relevante da mudança linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968); e a avaliação da língua é determinante para a constituição da identidade linguística dos falantes.O que faz com que uma variável seja sensível ou não à avaliação em uma comunidade pode ser atrelado ao seu grau de saliência, seja linguística, social ou ideológica. A observação não só do comportamento, mas das crenças e das atitudes em relação a determinado fenômeno linguístico, permite mensurar a percepção de uma variante de um fenômeno sociolinguístico.

0:

Palavras-chave: ,

DOI: 10.5151/9788580392173-06

Referências bibliográficas
  • CAMPBELL-KIBLER, K. The nature of sociolinguistic perception. Language Variation and Change, v.21, p.135-56, 2009.
    CARDOSO, D. P. Atitudes linguísticas e avaliações subjetivas de alguns dialetos brasileiros. São Paulo: Blucher, 2015.
    DAILEY, R. M.; GILES, H. ; JANSMA, L. L. Language attitudes in an Anglo-Hispanic context: The role of the linguistic landscape. Language & Communication, v. 25, n. 1, p. 27-38, 2005.
    ECKERT, P. Three waves of variation study: the emergence of meaning in the study of sociolinguistic variation. Annual Review of Anthropology, n. 41, p. 87-100, 2012.
    FREITAG, R. M. K. Banco de dados falares sergipanos. Working Papers em Linguística, v. 14, n. 2, p. 156-164, 2013.
    FREITAG, R. M. K. Socio-stylistic aspects of linguistic variation: schooling and monitoring effects. Acta Scientiarum. Language and Culture, v. 37, n. 2, p. 127-136, 2015.
    FREITAG, R. M. K. Uso, crença e atitudes na variação na primeira pessoa do plural no Português Brasileiro. D.E.L.T.A., n. 32, v.4, p. 889-917, 2016.
    FREITAG, R. M. K., SEVERO, C. G., ROST-SNICHELOTTO, C. A., TAVARES, M. A. Como os brasileiros acham que falam? Percepções sociolinguísticas de universitários do Sul e do Nordeste. Todas as Letras, n. 18, v.2, p. 64‑84, 2016.
    FREITAG, R. M. K., SEVERO, C. G., ROST-SNICHELOTTO, C. A., TAVARES, M. A. Como o brasileiro acha que fala? Desafios e propostas para a caracterização do “português brasileiro”. Signo y Seña – Revista del Instituto de Linguística, n. 28, p. 65-87, 2015.
    FREITAG, R. M. K.; MARTINS, M. A.; TAVARES, M. A. Bancos de dados sociolinguísticos do português brasileiro e os estudos de terceira onda: potencialidades e limitações. Alfa: Revista de Linguística, v. 56, n. 3, p. 917-944, 2012.
    GARRET, P. Attitudes to language. Cambridge University Press, 2010.
    LABOV, William. Principles of linguistic change. Volume 2: Social factors. Oxford: Blackwell, 2001.
    LADEGAARD, H. J. Language attitudes and sociolinguistic behaviour: Exploring attitude‐behaviour relations in language. Journal of Sociolinguistics, v. 4, n. 2, p. 214-233, 2000.
    MOTA, Jacyra. Como fala o nordestino: a variação fônica no Atlas Linguístico do Brasil. In: Anais do I Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa. 2008. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/eventos/simelp/new/pdf/slp22/03.pdf
    OSGOOD, C. E. Semantic differential technique in the comparative study of cultures. American Anthropologist, v. 66, n. 3, p. 171-200, 1964.
    SOUZA NETO, A. F. As realizações dos fonemas /t/ e /d/ em Aracaju/SE. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística). Universidade Federal de Alagoas, 2008.
    SOUZA, G. G. A. Palatalização de oclusivas alveolares em Sergipe. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal de Sergipe, 2016.
    WEINREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. Empirical foundations for a theory of language change. Texas, 1968.
Como citar:

FREITAG, Raquel Meister Ko.; SANTOS, Adelmileise de Oliveira; "Percepção e atitudes linguísticas em relação às africadas pós-alveolares em Sergipe", p. 109 -122. In: A Fala Nordestina: entre a sociolinguística e a dialetologia. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580392173, DOI 10.5151/9788580392173-06