Gramaticalização e contexto morfossintático: o que acham, olham e dizem os soteropolitanos?

CARVALHO, Cristina dos Santos;

Resumo:

Os estudos sobre gramaticalização têm deslocado o seu foco de atenção do exame de itens específicos para análise das construções em que se encontram esses itens. Ademais, têm incorporado às suas análises o desenvolvimento de marcadores discursivos (TRAUGOTT, 1997, 2014; MARTELOTTA, 2010, 2011). Assim, em consonância com esses novos direcionamentos nos estudos sobre gramaticalização, tenho investigado tanto formas como construções verbais e tenho considerado o seu desenvolvimento tanto em categorias gramaticais como em marcadores discursivos.Neste trabalho, seguindo uma orientação funcionalista (vertente americana), analiso, a partir dos resultados obtidos com a execução do projeto Gramaticalização de verbos em construções complexas na fala popular de Salvador: reanálise e contexto morfossintático, a relação entre gramaticalização de formas/construções verbais e contextos morfossintáticos.

0:

Palavras-chave: ,

DOI: 10.5151/9788580392395-05

Referências bibliográficas
  • ALCÂNTARA, Rebeca Cerqueira Andrade de. Transitividade e gramaticalização do verbo pegar em dados de língua falada. Salvador: UFBA, 2009 (Dissertação de Mestrado).
    AMORIM, Fabrício da Silva. A interface sociolinguística/ gramaticalização: o caso dos conectores causais. In: LOPES, Norma Silva; BULHÕES, Lígia Pelon de Lima; CARVALHO, Cristina dos Santos (Org.). Sociolinguistica: estudos da variação, da mudança e da sócio-história do português brasileiro sociolinguística paramétrica sociofuncionalismo. Feira de Santana: UEFS, 2013, p. 99-116.
    BYBEE, Joan. Mechanisms of change in grammaticization: the role of frequency. In: JOSEPH, Brian D.; JANDA, Richard D. (Ed.). The handbook of historical linguistic. Oxford: Blackwell, 2003, p. 602-623.
    _____ et al. The evolution of grammar: tense, aspect, and modality in the languages of the world. Chicago/London: University of Chicago, 1994.
    CARVALHO, Cristina dos Santos. Cláusulas encaixadas em verbos causativos e perceptivos: uma análise funcionalista. Campinas: UNICAMP, 2004 (Tese de Doutorado).
    _____. Gramaticalização de verbos e contextos morfossintáticos. Estudos Linguísticos, v. 40. n. 1, Campinas, 2011, p. 82-91.
    _____. Sentenças completivas do verbo achar: graus de vinculação sintática, contexto morfossintático e gramaticalização. Anais do IV SIMELP - Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa. Goiânia, UFG, 2013.
    _____; SILVA, Eliêda de Matos. Usos do verbo ACHAR na fala popular de Salvador: gramaticalização e contexto morfossintático. In: LOPES, Norma da Silva; BULHÕES, Lígia Pelon de Lima; CARVALHO, Cristina dos Santos (Org.). Sociolinguística: estudos da variação, da mudança e da sócio-história do português brasileiro, sociolinguística paramétrica, sociofuncionalismo. Feira de Santana: UEFS, 2013, p. 37-62.
    CASSEB-GALVÃO, Vânia. De predicação matriz a operador evidencial: a gramaticalização de diz que. VEREDAS, Juiz de Fora, v. 8, n. 1 e 2, jan./dez., 2004, p. 163-181.
    _____; LIMA- HERNANDES, Maria Célia. As rotas de gramaticalização de diz que e tipo no portugues do Brasil. In: MENDES, Ronald Beline. Passando a palavra: uma homenagem a Maria Luiza Braga. São Paulo: Paulistana, 2007, p. 105-122.
    CEZARIO, Maria Mauro. Efeitos da criatividade e da frequência de uso no discurso e na gramática. SOUZA, Edson Rosa (Org.). Funcionalismo linguístico: novas tendências teóricas. São Paulo: Contexto, 2012, p. 19-32.
    _____. Graus de integração de cláusulas com verbos cognitivos e volitivos. Rio de Janeiro: UFRJ, 2001 (Tese de Doutorado).
    FERREIRA, Naiara de Souza. O fenômeno de redução da partícula não no português falado na cidade de Salvador. Salvador: UFBA, 2014 (Dissertação de Mestrado).
    FREITAG, Raquel Meister Ko. Gramaticalização e variação de acho (que) e parece (que) na fala de Florianópolis. Florianópolis: UFSC, 2003 (Dissertação de Mestrado).
    GALVÃO, Vânia Cristina C. Evidencialidade e gramaticalização no português do Brasil: os usos da expressão “diz que”. Araraquara: UNESP, 2001 (Tese de Doutorado).
    _____. O achar no português do Brasil: um caso de gramaticalização. Campinas: UNICAMP, 1999 (Dissertação de Mestrado).
    GIVÓN, Talmy. Functionalism and grammar. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1995.
    _____. Syntax: a functional-typological introduction. Vol. II. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1990.
    GOMES, Jande Cleia Capistrano Gomes; CARVALHO, Cristina dos Santos. Usos gramaticalizados de verbos e o contexto morfossintático de terceira pessoa do singular. Anais da XVIII Jornada de Iniciação Científica. Salvador, UNEB, 2014.
    GONÇALVES, Sebastião Carlos Leite; LIMA-HERNANDES, Maria Célia; CASSEB- GALVÃO, Vânia Cristina (Org.). Introdução à gramaticalização: princípios teóricos e aplicação. São Paulo: Parábola, 2007.
    GÖRSKI, Edair Maria et al. Fenômenos discursivos: resultados de análises variacionistas como indícios de gramaticalização. In: RONCARATI, C.; ABRAÇADO, J. (Org.). Português brasileiro: contato linguístico, heterogeneidade e história. Rio de Janeiro: 7Letras/FAPERJ, 2003, p. 106-122.
    _____. Gramaticalização/discursivização de itens de base verbal: funções e formas concorrentes. Estudos Linguísticos [Anais do GEL], n. 31. São Paulo, 2002. Disponível em: . Acesso em: 13 abr. 2013.
    HALLIDAY, Michael. A. K.; HASAN, Ruqaiya. Cohesion in English. Londres: Longman, 1976.
    HEINE, Bernd et al. Grammaticalization: a conceptual framework. Chicago: The University of Chicago, 1991.
    HOPPER, Paul. On some principles of grammaticization. In: TRAUGOTT, Elizabeth C.; HEINE, Bernd (Ed.) Approaches to grammaticalization. 2 vols. Amsterdam: John Benjamins, 1991, p. 17-35.
    _____; TRAUGOTT, Elizabeth C. Gramaticalization. Cambridge: Cambridge University, 1993.
    _____. Gramaticalization. 2a ed. Cambridge: Cambridge University, 2003.
    LABOV, William. Modelos sociolinguísticos. Madrid: Cátedra, 1983.
    _____. Principles of linguistic change: internal factors. v. 1. Cambridge: Blackwell, 1995.
    LEHMANN, Cristian. Towards a typology of clause linkage. In: HAIMAN, John e THOMPSON, Sandra (Ed.). Clause combining in grammar and discourse. Philadelphia: John Benjamins, 1988, p. 181-225.
    LIMA, Emily Karoline Oliveira Pimentel; GOMES, Jande Cleia Capistrano; CARVALHO, Cristina dos Santos. Casos de gramaticalização de verbos nos contextos de segunda e terceira pessoas do singular. Atas do III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA, Salvador, UNEB-PPGEL, 2013.
    LIMA, Emily Karoline Oliveira Pimentel; CARVALHO, Cristina dos Santos. Usos gramaticalizados de verbos e o contexto morfossintático de terceira pessoa do singular. Anais da XVIII Jornada de Iniciação Científica. Salvador: UNEB, 2014.
    LONGHIN-THOMAZI, Sanderléia. “Vai que eu engravido de novo?”: gramaticalização, condicionalidade e subjetivização. Lusorama, Frankfurt am Main, v. 81-82, 2010, p. 135-150.
    LOPES, Norma da Silva. O PEPP: histórico e caracterização. In: LOPES, Norma da Silva; SOUZA, Constância M. B.; SOUZA, Emília Helena Portella (Org.). Um estudo da fala popular de Salvador: PEPP. Salvador: Quarteto, 2009, p. 13-18.
    MACHADO, Lorena; CASSEB-GALVÃO, Vânia. Construções evidenciais derivadas de dizer no português falado em Goiás: um estudo em faixas etárias. Disponível em: https://gef.letras.ufg.br/up/820/o/MACHADO_ArtigoPIBIC. pdf. Acesso em: 19 nov. 2015.
    MARTELOTTA, Mário Eduardo. Mudança linguística: uma abordagem baseada no uso. São Paulo: Cortez, 2011 (Coleção Leituras Introdutórias em Linguagem).
    _____. Unidirecionalidade e gramaticalização. In: VITRAL, Lorenzo; COELHO, Sueli. (Org.). Estudos de processos de gramaticalização em português: metodologias e aplicações. Campinas: Mercado de Letras, 2010, p. 139-172.
    _____; VOTRE, Sebastião; CEZARIO, Maria Maura (Org.). Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro/UFRJ, 1996, p. 24-40.
    MEILLET, Antoine. L’évolution des formes grammaticales. Scientia, 12.26:6, 1912, p. 384-400. Repr. in A. Meillet, Linguistique historique et linguistique général, 1:130-148. Paris: Champion, 1948.
    MOTA, José Reinan Moreira; CARVALHO, Cristina dos Santos. Usos do verbo SABER na fala popular de Salvador: gramaticalização e contexto morfossintático. Anais da XVI Jornada de Iniciação Científica. Salvador: UNEB, 2012.
    NARO, Anthony Julius; BRAGA, Maria Luiza. A interface sociolinguística/gramaticalização. Gragoatá, Rio de Janeiro, UFF, n. 9, 2000, p. 125-135.
    NOËL, Dirk. Diachronic construction grammar and grammaticalization theory. Functions of Language, v. 14, n. 2, John Benjamins, 2007, p. 177-202.
    OLIVEIRA, Mariângela Rios de. Funcionalismo e gramática: teoria gramatical ou teoria do uso. Guavira Letras, Três Lagoas, v. 12, n. 1, jan./jul., 2011, p. 36-45.
    RODRIGUES, Angélica T. Carmo. Eu fui e fiz esta tese: as construções do tipo “foi fez” no português do Brasil. Campinas: UNICAMP, 2006 (Tese de Doutorado).
    ROST-SNICHELOTTO, Claudia Andrea. “Olha” e “vê”: caminhos que se entrecruzam. Florianópolis: UFSC, 2009 (Tese de Doutorado).
    _____. Variação dos marcadores discursivos de base verbal nas línguas românicas. Working Papers em Linguística, Florianópolis, v. 9, n. 2, jul./dez., 2008, p. 41-56. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/workingpapers/ article/viewFile/1984-8420.2008v9n2p41/9353. Acesso em: 30 jan. 2014.
    _____; GORSKI, Edair Maria. (Inter)subjetivização de marcadores discursivos de base verbal: instâncias de gramaticalização. Alfa, 55 (2), São Paulo, 2011, p. 423-455. Disponível em: http://seer.fclar.unesp.br/alfa/article/viewFile/ 4735/4040. Acesso em: 30 jan. 2014.
    SILVA, Eliêda de Matos; CARVALHO, Cristina dos Santos. EU ACHO (QUE) na fala popular de Salvador: gramaticalização e contexto morfossintático. Anais da XV Jornada de Iniciação Científica. Salvador: UNEB, 2011.
    _____. Usos gramaticalizados de verbos e o contexto morfossintático de primeira pessoa do singular. Anais da XVI Jornada de Iniciação Científica. Salvador: UNEB, 2012.
    SOUZA, Emília Helena P. Monteiro de. A multifuncionalidade do onde na fala de Salvador. Salvador: UFBA, 2003 (Tese de Doutorado).
    SWEETSER, Eve. From etymology to pragmatics. Cambridge: Cambridge University, 1990, p. 23-48.
    TAVARES, Maria Alice. Sociofuncionalismo: um duplo olhar sobre a variação e a mudança linguística. Interdisciplinar. Ed. Esp. ABRALIN/SE, Itabaiana/SE, Ano VIII, v. 17, jan./jun. 2013, p. 27-48.
    TRAUGOTT, Elizabeth C. Grammaticalization and construction grammar. In: CASTILHO, Ataliba Teixeira (Org.). História do português paulista. Campinas: UNICAMP/IEL, 2009, p. 91-101.
    _____. Gramaticalização: uma entrevista com Elizabeth Closs Traugott. ReVEL, v. 12, n. 22, 2014, p. 98-108. Traduzido por Gabriel de Ávila Othero e Ana Carolina Spinelli. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2014.
    _____. The role of the development of discourse markes in a theory of grammaticalization. Paper from the ICHL, XII, Manchester, 1997. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2010.
    VITRAL, Lorenzo; VIEGAS, Maria do Carmo; OLIVEIRA, Alan Jardel de. Inovação versus mudança: a intersecção gramaticalização/teoria da variação e mudança. In: VITRAL, Lorenzo; COELHO, Sueli (Org.). Estudos de processos de gramaticalização em português: metodologias e aplicações. Campinas: Mercado de Letras, 2010, p. 201-228.
    VOTRE, Sebastião Josué. Continuidade e mudança em verbos cognitivos em latim e português. Atas do XLIX SEMINÁRIO DO GEL. Marília, mai./2001.
    _____. Integração sintática e semântica na complementação verbal. In: VOTRE, Sebastião et al. Gramaticalização. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, UFRJ, 2004, p. 11-49.
    _____. Um paradigma para a linguística funcional. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo. VOTRE, Sebastião; CEZARIO, Maria Maura (Org.). Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro / UFRJ, 1996, p. 15-23.
Como citar:

CARVALHO, Cristina dos Santos; "Gramaticalização e contexto morfossintático: o que acham, olham e dizem os soteropolitanos?", p. 83 -106. In: Estudos sobre o Português do Nordeste: língua, lugar e sociedade. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392395, DOI 10.5151/9788580392395-05