Representações sobre os africanos em livros didáticos brasileiros de história

Fernandes, Sueli de Cássia Tosta; Severo, Cristine Gorski;

Resumo:

Este capítulo tem como objetivo analisar o uso dos termos “escravo” e “escravizado” em livros didáticos (LDs) de história. Os seus significados dicionarizados em comparação com o contexto de uso foram observados para que pudéssemos refletir sobre os sentidos específicos que mobilizam. Consideramos que a oscilação verificada no uso dos dois termos aponta para relações de poder coloniais que se inscrevem linguisticamente na seleção lexical feita pelos autores dos livros. Esses dois termos apontam para duas interpretações diferentes: enquanto “escravo” tende a naturalizar a condição de exploração, “escravizado” nos remete a relações de poder e de subjugação, explicitando a dimensão política e colonizadora da escravização. Tal problematização lexical é fundamental, es pecialmente após o sancionamento das leis 10.639 de 2003 e 11.645 de 2008, que tratam da obrigatoriedade de inclusão da temática “história e cultura afro-brasileira e indígena” nos currículos da educação brasileira. Acreditamos que, além do conteúdo, a linguagem utilizada para se falar desses conteúdos também é reveladora dos embates políticos envolvendo a população afro-brasileira. No caso deste capítulo, atenta-se para o papel da forma linguística na ratificação de estereótipos coloniais envolvendo os africanos no Brasil.

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DOI: 10.5151/9788580392111-22

Como citar:

FERNANDES, Sueli de Cássia Tosta; SEVERO, Cristine Gorski; "Representações sobre os africanos em livros didáticos brasileiros de história", p. 395 -410. In: Kadila: culturas e ambientes - Diálogos Brasil-Angola. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580392111, DOI 10.5151/9788580392111-22