Mensageiros e Porta-vozes na Transmissão de Assuntos Jurídicos aos não Letrados: uma prática discursiva história entre oralidade e escrita
JUNGBLUTH, Konstanze
Resumo:
Este artigo parte de uma perspectiva histórica e investiga o papel do mensageiro na Catalunha do século XVIII. O mensageiro como instituição pertence a uma sociedade onde convivem letrados, analfabetos e semicultos. Cruzando os caminhos entre a cidade e o campo, entre os letrados e as pessoas analfabetas, o mensageiro assumia a responsabilidade de traduzir os assuntos ou os temas da comunicação cotidiana, como, por exemplo, atos jurídicos, notícias etc. Seu discurso oral se revestia de uma importância fundamental: o texto escrito que levava era secundário, pois apresentava um valor simbólico, sem autonomia própria. Em seu personagem, representava ao mesmo tempo o mensageiro e o porta-voz, como que dando continuidade à figura do núncio romano. O habitus do mensageiro foi mantido ininterruptamente na Europa Antiga desde o tempo dos assírios, gregos e romanos até meados do século XIX, ao menos no mediterrâneo e na Europa Central. Quero contribuir, desta forma, para um melhor conhecimento da história da leitura, das habilidades da leitura e especialmente da interação entre o mundo letrado e o não letrado em tempos passados, objetivando propiciar uma reflexão mais profunda sobre esse comportamento em contextos similares de hoje em dia, encontrados nas sociedades latino-americanas e também nas europeias, onde existe um fluxo significativo de migrantes de outros países, muitos deles letrados em línguas estrangeiras1 ou às vezes sem serem alfabetizados.
Este artigo é composto por seis partes. A segunda trata dos conceitos básicos do meio e da concepção das atividades de escrever, falar, escutar e ler. Na terceira parte, apresento a proposição teórica da ação comunicativa como um todo. Na quarta, enfoco o conceito do mensageiro em si. Na quinta parte, concentro a visão na sociedade de letrados, analfabetos e semicultos. Termino apresentando o sentido da atividade do mensageiro no contexto da época em foco, denominado pelo verbo intimar.
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DOI: 10.5151/9788580391824-09
Como citar:
JUNGBLUTH, Konstanze; "Mensageiros e Porta-vozes na Transmissão de Assuntos Jurídicos aos não Letrados: uma prática discursiva história entre oralidade e escrita", p. 203-216. Rumos da linguística brasileira no século XXI - Vol. 1. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580391824, DOI 10.5151/9788580391824-09