Mapas, cartografias e fronteiras

Paula, Simoni Mendes de; Diniz, José Nilo Bezerra;

Resumo:

Desde o século XVIII, o reino de Portugal, por meio de seu secretário de Estado da Marinha e dos Domínios Ultramarinos, Dom Rodrigo de Sousa Coutinho, passou a empreender uma série de levantamentos cartográficos de suas possessões ultramarinas, no sentido de investigar e conhecer seus territórios – inclusive a África meridional – e como estes concorriam para o aumento da Real Fazenda. Dentre os planos de Sousa Coutinho reservados à África meridional, merece especial atenção seu desejo de unir as duas principais possessões portuguesas na costa índica e atlântica da África, a saber, Moçambique e Angola. O programa de Dom Rodrigo de Sousa Coutinho tinha origem nas ideias do diplomata português, Dom Luís da Cunha, que elaborara, juntamente com o geógrafo francês D’Anville, um plano de travessia continental. A concretização do plano traria três benefícios ao Império português a um só tempo: impediria o avanço dos colonos flamengos instalados no Cabo, pouparia os navios lusos da perigosa travessia marítima do Cabo da Boa Esperança e reorientaria o comércio de ouro e marfim que abundavam na hinterlândia para a costa atlântica.

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DOI: 10.5151/9788580392111-07

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Como citar:

PAULA, Simoni Mendes de; DINIZ, José Nilo Bezerra; "Mapas, cartografias e fronteiras", p. 96 -104. In: Kadila: culturas e ambientes - Diálogos Brasil-Angola. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580392111, DOI 10.5151/9788580392111-07