Fazenda Maracujá: as palavras fracas e as palavras fortes

Parcero, Lúcia Maria de Jesus

Resumo:

No semiárido baiano, é comum haver, em seus diversos municípios, comunidades afrodescendentes semi-isoladas, sobre as quais pouco ainda se sabe sobre sua formação sócio-histórica, bem como sobre características da escravidão a que foram submetidas. Uma dessas comunidades, na qual se desenvolve esta pesquisa é a Fazenda Maracujá (FM), situada a cerca de 20 km da sede de Conceição do Coité, município que foi ponto de comércio de escravos, como pode ser atestado pela documentação de compra e venda de escravos, assim como por cartas de alforria arquivadas no cartório local. Fatos da escravidão estão, ainda hoje, na memória dos mais velhos.
A localidade tem uma população remanescente de quilombo formada inicialmente por quatro irmãos que adquiriram a terra: seus descendentes constituíram famílias casando-se entre si e, até então os habitantes guardam um tipo de relação fechada. De passado escravo, o local conta hoje com aproximadamente quatrocentos moradores em sua maioria lavradores, analfabetos que vivem em pobreza extrema.

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COMUNICACAO, LINGUISTICA

DOI: 10.5151/9788580392173-04

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Como citar:

PARCERO, Lúcia Maria de Jesus; "Fazenda Maracujá: as palavras fracas e as palavras fortes", p. 75-88. A fala nordestina: entre a sociolinguística e a dialetologia. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580392173, DOI 10.5151/9788580392173-04