Efeitos de sexo/gênero na escolha de formas de tratamento: análise em uma comunidade de prática jurídica de Niterói
Lisboa, Carla Mirelle Matos
Resumo:
A variável sexo/gênero tem sido, na pesquisa sociolinguística, associada a práticas sociais e identidades. Apresentamos, neste capítulo, efeitos da variável sexo/gênero na escolha das formas de tratamento no contexto jurídico de uma comunidade de prática da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro – comarca de Niterói. Os dados analisados são provenientes da pesquisa de campo de Matos Lisboa (2015), obtidos por meio de observação de base etnográfica na comunidade de prática analisada e de aplicação de testes de autoavaliação aos profissionais jurídicos envolvidos. Lançamos nosso olhar para a questão dos efeitos de sexo/gênero no fenômeno analisado, a fim de verificar como os falantes dos gêneros feminino e masculino – sejam eles membros da comunidade de prática, sejam assistidos (aqueles que buscam atendimento jurídico na Defensoria Pública) – empregam as formas de tratamento quando em interação com os profissionais jurídicos. Não pretendemos fazer generalizações sobre os modos de falar dos homens e das mulheres, mas analisar, por meio das formas de tratamento usadas nesta comunidade, a atuação linguística dos sujeitos em cada situação de interação. Compreendemos que em uma comunidade de prática, os falantes podem desempenhar práticas sociais distintas e estar envolvidos em relações diversas, a depender de seu papel social em dada situação comunicativa.
35 downloads
DOI: 10.5151/9788580391190-0013
Referências bibliográficas
- BARROZO, Thais Aranda; AGUILERA, Vanderci de Andrade. Sexo e linguagem: uma análise a partir das sabatinas dos ministros do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa e Rosa Weber. Revista da Abralin / Associação Brasileira de Linguística. Vol. I, n. 1 (junho 2002). São Carlos, SP: UFSCar, 2014.
- BRASIL. Censo da educação superior 2012: resumo técnico. – Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2014. Disponível em:http://download.inep.gov.br/download/superior/censo/2012/resumo_tecnico_cence_educacao_superior_2012.pdf Data de acesso: 29/01/2015.
- BRASIL. Lei do Império, de 11 de agosto de 1827. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_63/Lei_1827.htm Acesso em: 27/06/2011.
- BRASIL. Ministério da Justiça. III Diagnóstico Defensoria Pública no Brasil. Brasília, DF: Gráfica Cidade, 2009.
- BRUSCHINI, Maria Cristina Aranha. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, set./dez. 2007.
- ECKERT, Penelope. Three waves of variation study: the emergence of meaning in the study of sociolinguistic variation. Annual Review of Anthropology, Palo Alto, n.41, p.87-100, 2012.
- ECKERT, Penelope. Variation, convention and social meaning. Paper Presented at the Annual Meeting of the Linguistic Society of America. Oakland, 2005.
- ECKERT, Penelope; McCONNELL-GINET, Sally. Comunidades de prática: lugar onde co-habitam linguagem, gênero e poder (1992). In.: OSTERMANN, Ana Cristina; FONTANA, Beatriz (org.). Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola. p. 93-108, 2010.
- ECKERT, Penelope; McCONNELL-GINET, Sally. Language and gender. United States, USA: Cambridge 2. ed. 2013.
- FREITAG, Raquel Meister Ko; MARTINS, Marco Antonio; TAVARES, Maria Alice. Bancos de dados sociolinguísticos do Português Brasileiro e os estudos de terceira onda: Potencialidades e limitações. Alfa, São Paulo, v.56, n.3, p. 907-934, 2012.
- LABOV, William. Padrões sociolinguísticos (1972). São Paulo, SP: Parábola, 2008.
- LAKOFF, Robin. Linguagem e lugar da mulher. (1972). In.: OSTERMANN, Ana Cristina ; FONTANA, Beatriz. (org.). Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola. p. 13-30. 2010.
- LAVANDERA, Beatriz. Where does the sociolinguistic variable stop? Language Society, n. 7., 1978. p. 171-182.
- MATOS LISBOA, Carla Mirelle de Oliveira. Doutor e outras formas de tratamento direcionadas aos profissionais jurídicos: análise de uma comunidade de prática à luz da terceira onda da sociolinguística. Dissertação (Mestrado em Estudos de linguagem), Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras, Niterói, 2015.
- MENDES, Ronald Beline. Diminutivos como marcadores de sexo/gênero. Revista Linguística. Volume 8, número 1, junho de 2012.
- PAIVA, Maria da Conceição de. A variável gênero/sexo. In: MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza (orgs.) Introdução à Sociolinguística – o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003. p.33-42.
- PAREDES SILVA, Vera Lúcia. Notícias recentes da presença do pronome tu no quadro de pronomes do português falado no Rio de Janeiro. In:COUTO, Letícia Rebollo Couto; LOPES, Célia R. dos Santos. As formas de tratamento em português e em espanhol, variação, mudança e funções conversacionais. Niterói: UFF, p. 245-262, 2011.
- PAREDES SILVA, Vera Lúcia. O retorno do tu à fala carioca. In: ROCANTI, Cláudia; ABRAÇADO, Jussara. Português Brasileiro; contato linguístico, heterogeneidade, história. Rio de Janeiro: 7 Letras, p.160-169, 2003.
- SANTOS, André Filipe Pereira Reid dos. Defensoria Pública do Rio de Janeiro e sua clientela. Chapecó, v. 14, n. 1, p. 107-126, jan./jun. 2013.
- SANTOS, Viviane Maia dos. A complexa relação entre gênero/sexo e a variação no uso de pronomes em função de sujeito. Cadernos do CNLF, Vol. XV, Nº 5, t. 1. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011.
- SCHERRE, Maria Marta Pereira, YACOVENCO, Lilian Coutinho. A variação linguística e o papel dos fatores sociais: o gênero do falante em foco. Revista da ABRALIN, v. Eletrônico, n. Especial, p. 121-146. 1ª parte 2011.
Como citar:
LISBOA, Carla Mirelle Matos; "Efeitos de sexo/gênero na escolha de formas de tratamento: análise em uma comunidade de prática jurídica de Niterói", p. 267-290. Mulheres, linguagem e poder: estudos de gênero na sociolinguística brasileira. São Paulo: Blucher, 2015.
ISBN: 9788580391190, DOI 10.5151/9788580391190-0013