As muitas margens da palavra

NASCIMENTO, Luciana;

Resumo:

A linguagem dá sentido ao mundo e é importante elemento na construção da realidade, admitindo a circulação de ideias, a comunicação seja ela verbal ou não verbal. Segundo Bakhtin, mais do que instrumento de comunicação, a linguagem é também instrumento de interação (BAKHTIN, 1999, p. 36). De acordo com o teórico russo é, pois, no processo de interação pela linguagem que se constroem os textos, no mais das vezes em diálogo entre si. No bojo da cultura, as produções circulam e se absorvem entre si, formando uma grande teia e é por meio dessa teia que os textos verbais e não verbais podem estabelecer a intertextualidade.Diante do exposto, retomando a epígrafe desse texto, a qual não é uma escrita desconectada, mas constitui uma inserção de um texto dentro de um outro texto, conferindo à escrita um caráter intertextual (PAULINO; WALTY, 1995, p. 15). Nesse sentido, o rio citado no poema de João Cabral é um rio cuja sintaxe foi cortada e apresenta um diálogo com um dos rios de Guimarães Rosa, mais especificamente o rio de seu conto A terceira margem do rio.3 Essa terceira margem de Rosa foi atualizada, em nossa contemporaneidade por Milton Nascimento e Caetano Veloso, a partir da composição A terceira margem, cuja sintaxe é cortada e recortada diversas vezes, como indica o próprio título, como também pelo movimento reverberador da narrativa rosiana, que é rediviva pelos versos da citada composição.

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Palavras-chave:

DOI: 10.5151/9788580391909-03

Como citar:

NASCIMENTO, Luciana; "As muitas margens da palavra", p. 49 -56. In: Linguagem e Ensino do Texto: Teoria e Prática. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580391909, DOI 10.5151/9788580391909-03