Resumo:
A concepção de literatura como similar à pintura, cumprindo o preceito do ut pictura poesis de Horácio ([1910], p. 109), repousa no princípio clássico de que a poesia deve ser uma arte mimética por excelência, ou seja, é conveniente que o poeta reproduza o mundo natural, por meio das palavras, mas procurando se utilizar de expedientes próprios dos pintores, como a enumeração de seres e objetos, a objetividade, o concretismo, a visualização, o cromatismo. Todavia, há que se observar que essa reprodução do mundo natural levará em conta não a natureza bruta em si, mas a natureza melhorada, vista em seus aspectos mais aprazíveis, para não só causar prazer no auditório, mas também para educá-lo com a visão do que é belo:
Os defensores da arte, clássicos e neoclássicos por igual, resolveram o problema alegando que a poesia imita não o real, mas conteúdos, qualidades, tendências ou formas seletos que estão dentro ou por detrás do real, elementos verídicos da constituição do universo, que são de valor mais alto que a realidade mesma, grosseira e indiscriminada. Ao refleti-la, o espelho posto frente à natureza reflete o que, por oposição à “natureza”, os críticos ingleses amiúde chamam de “natureza melhorada”, ou “realçada”, ou “refinada”, ou com a expressão francesa la belle nature. Esta, dizia Bateux, não é “o verdadeiro real, mas o verdadeiro possível, o verdadeiro ideal, que está representado como se existisse realmente e com todas as perfeições que pudesse receber” (ABRAMS, 1962, p. 57).
COMUNICACAO,
LINGUISTICA