Análise variacionista de pausas preenchidas em fronteiras de constituintes

FREITAG, Raquel Meister Ko.; PINHEIRO, Bruno Felipe Marques; SILVA, Lucas Santos; , ;

Resumo:

Truncamentos, falsos começos e alongamentos de segmentos sãocaracterísticas da fala que costumam ser associadas à disfluência, e vistoscomo “sintomas” de uma patologia a ser tratada, como a gagueira, por exemplo.Por outro lado, estas características podem ser consideradas como pistas dereorganização do processo de produção da fala, como advoga Scarpa (1995). Umadestas pistas são as “pausas preenchidas”, ou pausas hesitativas, que ocorremquando o falante preenche o tempo de seu turno com sons que não configuramitens lexicais de uma dada língua, por meio de alongamentos vocálicos não-enfáticos.As pausas preenchidas se diferenciam das pausas silenciosas,ou pausas fluentes, em que há um silêncio durante a fala. Essa diferenciaçãodos tipos de pausa se baseia em aspectos prosódicos e sintáticos. Do ponto devista sintático, as pausas silenciosas ocorrem em fronteiras de constituintesmaiores, enquanto as pausas preenchidas costumam ocorrer em fronteiras deconstituintes menores. Do ponto de vista prosódico, as pausas silenciosasapresentam pitch mais alto antes e depois, entre grupos acentuais, enquanto aspausas preenchidas ocorrem no interior de grupos acentuais (MERLO, 2006; MERLO;BARBOSA, 2012).

0:

Palavras-chave: ,

DOI: 10.5151/9788580392593-07

Referências bibliográficas
  • ALMEIDA, V. B. Pausas preenchidas e domínios prosódicos: evidências para a validação do descritor fluência em um teste de proficiência oral em língua estrangeira. Alfa: Revista de Lingüística, v. 53, n. 1, p. 167-195, 2009. BARBOSA, A. P. Conhecendo melhor a prosódia: aspectos teóricos e metodológicos daquilo que molda nossa enunciação. Revista de Estudos Linguísticos, vol. 20, n.1, p.11-27, 2012. BOERSMA, P. ; WEENINK, D. Praat: doing phonetics by computer (version 5.1.15). Retrieved August 30, 2009. Disponível em: http//: www.praat.org/. FREITAG, R. M. K. Pistas prosódicas para a segmentação da entrevista sociolinguística. Anais do Colóquio Brasileiro de Prosódia da Fala, v. 2, p. 1-5, 2013a. FREITAG, R. M. K. (Re)discutindo sexo/gênero na sociolinguística. In: FREITAG, R. M. K., SEVERO, C. G. (org.). Mulheres, Linguagem e Poder - Estudos de Gênero na Sociolinguística Brasileira. São Paulo: Blücher, 2015b, p. 17-74 FREITAG, R. M. K. Socio-stylistic aspects of linguistic variation: schooling and monitoring effects. Acta Scientiarum. Language and Culture, v. 37, n. 2, p. 127-136, 2015a. FREITAG, R. M. K. Banco de dados falares sergipanos. Working Papers em Linguística, v. 14, n. 2, p. 156-164, 2013. FREITAG, R. M. K.; MARTINS, M. A.; TAVARES, M. A. Bancos de dados sociolinguísticos do português brasileiro e os estudos de terceira onda: potencialidades e limitações. Alfa, v. 56, p. 917-944, 2012. FRUEHWALD, J. Filled pause choice as a sociolinguistic variable. University of Pennsylvania Working Papers in Linguistics, v. 22, n. 2, p. 41-49, 2016. KENDALL, T. Speech rate, pause and sociolinguistic variation: studies in corpus sociophonetics. Nova Iorque: Palgrave/MacMillan, 2013. LEITE, C. M. B. Intersecção entre variação linguística dos róticos e a variável sexo. Estudos Linguísticos, v. 41, n. 2, p. 755-764, 2012. MERLO, S. Hesitações na fala semi-espontânea: análise por séries temporais. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade de Campinas: Campinas, 2006. MERLO, S.; BARBOSA, P. A. Séries temporais de pausas e de hesitações na fala espontânea. Cadernos de Estudos Lingüísticos, v. 54, n. 1, p. 11-24, 2012. MONIZ, H. G. S. Contributo para a caracterização dos mecanismos de (dis)fluência no português europeu. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2006. NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic phonology. Dordrecht: Foris, 1986. Nunes, V. G. A prosódia de sentenças interrogativas totais nos falares catarinenses e sergipanos. Tese. Doutorado em Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina, 2015. PODESVA, R. J. Three sources of stylistic meaning. Texas Linguistic Forum, p. 1-10, 2008. SANKOFF, D.; TAGLIAMONTE, S.; SMITH, E. Goldvarb X: A variable rule application for Macintosh and Windows. Department of Linguistics, University of Toronto, 2005. SCARPA, E. M. Sobre o sujeito fluente. Cadernos de Estudos Linguísticos, vol. 29, p. 163-184, 1995. SCARPA, E. M. FERNANDES-SVARTSMAN, F. A Estrutura prosódica das disfluência em português brasileiro. Cadernos de Estudos Linguísticos, vol. 54, n. 1. p. 25-40, 2012, (p. 25-40). SOUZA, G. G. A.; SOUZA NETO, A. F.; FREITAG, R. M. K. . As vogais médias [e] e [o]: um estudo fonético-acústico e comparativo. In: FREITAG, R. M. K.; SEVERO, C. G., GÖRSKI, E. M. (Org.). Sociolinguística e Política Linguística: Olhares Contemporâneos. São Paulo: Editora Blucher, 2016, p. 21-34. TOTTIE, G. Uh and um as sociolinguistic markers in British English. International Journal of Corpus Linguistics, v. 16, n. 2, p. 173-197, 2011. WITTENBURG, P. et al. Elan: a professional framework for multimodality research. In: Proceedings of LREC. 2006.
Como citar:

FREITAG, Raquel Meister Ko.; PINHEIRO, Bruno Felipe Marques; SILVA, Lucas Santos; ; "Análise variacionista de pausas preenchidas em fronteiras de constituintes", p. 117 -132. In: Prosódia da fala: pesquisa e ensino. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392593, DOI 10.5151/9788580392593-07