Letras que flutuam: territórios fluidos da Amazônia
MARTINS, Fernanda de O.;
Resumo:
Este capítulo apresenta uma reflexão sobre a práxis do design, que sobreveio por meio do diálogo entre diversas camadas territoriais. Tratará mais especialmente do projeto “Letras que flutuam”, cujo objetivo maior é revelar um saber amazônico pouco conhecido, a prática de identificar os barcos de madeira ribeirinhos de uma forma particular.O projeto iniciou-se de forma espontânea em 2004, a partir das observações de uma designer, tipógrafa recém-chegada na Amazônia. Ao se deparar com uma manifestação cultural local pouco percebida – a maneira específica com que os barcos de madeira populares eram identificados –, iniciou um levantamento fotográfico sistemático dos exemplares encontrados ao longo de seu cotidiano profissional. Tornou-se um projeto de pesquisa formal, já denominado Letras que flutuam em 2006 e foi apresentado ao Programa de especialização lato senso do Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará. A monografia apresentada analisava a manifestação sob o olhar do Design, isto é, avaliando os pontos de contato entre os letreiros dos barcos com a Tipografia Vitoriana do século XIX. A continuidade da pesquisa levou a outros desdobramentos: foi selecionada em 2013 no prêmio Amazônia Cultural do Ministério da Cultura para a realização de mapeamento dos mestres que atuam no Pará e gerou diversos produtos, como vídeo-documentário, exposições, a realização de oficinas de capacitação e criatividade no Brasil e na Colômbia, o desenvolvimento de estratégias de interação entre os abridores de letra e de valorização e reconhecimento deste saber-fazer tradicional.
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DOI: 10.5151/9788580392661-26
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Como citar:
MARTINS, Fernanda de O.;
"Letras que flutuam: territórios fluidos da Amazônia",
p. 335 -348.
In:
Ecovisões projetuais: pesquisas em design e sustentabilidade no Brasil.
São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392661,
DOI 10.5151/9788580392661-26