Stress, coping, burnout, resiliência: troncos da mesma raiz

VASCONCELLOS, Esdras Guerreiro;

Resumo:

Iniciei meus estudos e pesquisas sobre stress na segunda metade dos anos 1970. Mais precisamente, em 1976. Desde então, tenho acompanhado as diferentes fases conceituais desse importante fenômeno social. Se antes ele era visto como fator que deveria ser ferozmente combatido, hoje o aceitamos como parceiro no desenvolvimento pessoal, profissional, afetivo e social. Sucesso, felicidade, saúde, prazer, paixão, vida familiar e crescimento são conquistas que implicam uma determinada e inevitável ativação psiconeuroendócrina. Assim como qualquer veneno só se tornará letal na relação com a dose, da mesma forma, o stress não deve superar a possibilidade de coping que cada indivíduo tenha disponível para elaborar o estado stressante. O equilíbrio entre desafio e enfrentamento deve ser cuidado de maneira consciente e planejada.Se antes as pesquisas apontavam tão somente para os efeitos deletérios do stress sobre a saúde física (doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão), com o surgimento da síndrome de burnout, descobrimos o dano que eles geram na dimensão emocional da vida do ser humano: depressão, pânico, despersonalização, exaustão emocional, distanciamento social. Em situações de extremo stress, em que as condições de suporte interno ou externo existentes não permitem a construção de um coping eficaz, surge, então, a resiliência, como uma quase inexplicável força de superação e sobrevivência. Entender o que seja realmente o stress, considerando seu contexto histórico até nossos tempos atuais e as dele derivadas variantes de manifestação e reação, exige, portanto, uma revisão conceitual mais abrangente e paradigmaticamente mais flexível e integradora. As dissertações teses desenvolvidas e em elaboração na nossa linha de pesquisa no PST têm procurado revisar e expandir esse conceito e visão.

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DOI: 10.5151/9788580392357-20

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Como citar:

VASCONCELLOS, Esdras Guerreiro; "Stress, coping, burnout, resiliência: troncos da mesma raiz", p. 285 -295. In: A psicologia social e a questão do hífen. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392357, DOI 10.5151/9788580392357-20