O psicólogo no serviço de acolhimento institucional a crianças e adolescentes: sobre questões e possibilidades

Carvalho, Sthefânia;

Resumo:

“A noite havia caído e, com ela, era chegada minha hora de ir embora. Já ia me despedindo das crianças, quando comecei a escutar a voz de Francielle gritando pela casa. Aquela voz que, em momentos de certa calmaria, era doce, suave e recheava lindos cantos, em momentos de transbordamento de angústia se transformava em um urro grotesco que arrepiava a espinha até do mais valentão. Batia nos móveis, socava as paredes, xingava, ameaçava todos a seu redor e gritava que não queria mais ficar naquele inferno. Em um piscar de olhos, estava em cima do telhado, anunciando que iria se jogar. As outras crianças se amontoavam em um canto do quintal, em um misto de medo e excitação. Rapidamente fiz alguns cálculos: ela iria mesmo se jogar? Ou estava blefando? Eu subiria para tentar conversar com ela? Caso subisse, ajudaria a amenizar ou, tiro pela culatra, a intensificar a situação? Chamaria a ambulância? Não dava tempo, além de quê, mesmo que chegassem, o que eles poderiam conseguir além daquilo que nós mesmos poderíamos?  

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DOI: 10.5151/9788580392906-15

Referências bibliográficas
  • Altoé, S. (2010). A psicanálise pode ser de algum interesse no trabalho institucional com crianças e adolescentes? In S. Altoé (Org.). Sujeito do direito, sujeito do desejo: direito e psicanálise (3a ed.). Rio de Janeiro: Revinter. Brasil. (1990). Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Brasília, DF. (2005). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Novembro de 2005. Brasília, DF.
Como citar:

CARVALHO, Sthefânia; "O psicólogo no serviço de acolhimento institucional a crianças e adolescentes: sobre questões e possibilidades", p. 225 -242. In: Concepções e proposições em Psicologia e Educação. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392906, DOI 10.5151/9788580392906-15