Resumo:

A história da humanidade está repleta de surtos de epidemias e pandemias, cujo impacto nas sociedades foi devastador não apenas em termos da perda de vidas humanas, mas também no que concerne às repercussões econômicas, políticas, sociais e até psicológicas. Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a covid-19 como uma pandemia. Por todo o mundo, fecharam-se fronteiras, instituiu-se o teletrabalho, as aulas online, e o distanciamento social entre colegas, familiares e amigos, como forma a conter a propagação do vírus. Os sorrisos esconderam-se atrás de máscaras e o computador passou a ser uma ferramenta de trabalho generalizada para todas as idades. Percebeu-se o incrível contributo da ciência e da tecnologia para que uma grande parte da população pudesse continuar numa “normalidade aparente”, a trabalhar ou a estudar, ainda que confinada às paredes das suas casas. A percepção do tempo e do espaço mudou. Dois anos depois, numa altura em que a pandemia parece estar mais controlada e a caminhar para o seu fim, quais serão os sentimentos dominantes na população em resultado desse período de avanços e recuos constantes nas medidas restritivas impostas pelos diversos países? Esta investigação, apoiada na mistura de métodos, resulta da análise de um breve questionário composto por três questões, incluindo a solicitação de um desenho. A aplicação do questionário contou com 90 respondentes. O estudo pretendeu obter indicadores sobre: (i) quais os sentimentos resultantes da covid-19 dominantes na população; e (ii) a existência, ou não, de diferenças entre a população portuguesa e a população brasileira, no que concerne aos sentimentos provocados pela vivência desta pandemia. Apesar das diferenças no impacto da pandemia nos dois países, os resultados sugerem alguma homogeneidade na forma como esta foi sentida pelos participantes.