Governo à Vista - A Transparência

Coutinho, Doris de Miranda;

Resumo:

Em seu Breviário dos Políticos, o cardeal Mazzarino transmitia uma mensagem aos governantes absolutistas da Itália, no século XVII: simula e dissimula. O conselho, embora hoje pareça insólito e repugnante, encontra ressonância no modelo de dominação (arcana imperii) que predominava à época na relação entre indivíduos (mais súditos do que cidadãos) e governantes. A percepção então amplamente disseminada de que o povo, enquanto massa de ignorantes, não possuía capacidade para o exercício da política, servia como pretexto para o seu alijamento dos assuntos públicos. Nessa perspectiva, o exercício do poder ou domínio pelos príncipes residia na organização de uma instância aparentemente superior, cujos procedimentos e receitas não poderia revelar, de modo que a população acabaria internalizando a opacidade como o resultado de um governo naturalmente invisível.

0:

Palavras-chave: ,

DOI: 10.5151/9788580393415-12

Referências bibliográficas
  • MILL, John Stuart. Considerações sobre o governo representativo. Brasília: Editora UnB, 1984.KOCAOGLU, Nurhan; FIGARI, Andrea. Using the right to information as an anti-corruption tool. Berlin: Transparency International, 2006.
Como citar:

COUTINHO, Doris de Miranda; "Governo à Vista - A Transparência", p. 253 -266. In: Finanças Públicas: Travessia entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Blucher, 2018.
ISBN: 9788580393415, DOI 10.5151/9788580393415-12