Histórico da Gestão de Resíduos Sólidos Orgânicos no Município de São Paulo: Aterrar, Queimar ou Aproveitar?

Cseh, Amanda; Gonçalves-Dias, Sylmara L. F.;

Resumo:

O objetivo deste capítulo foi realizar um panorama da gestão de resíduos orgânicos (RO) urbanos do município de São Paulo, considerando uma retrospectiva histórica, institucional e tecnológica. A disposição inadequada de RO pode trazer consequências socioambientais indesejadas devido ao grande  volume de matéria orgânica gerada pelos domicílios brasileiros na totalidade dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Assim, um dos grandes desafios da gestão pública municipal é tomar decisões em torno dos procedimentos operacionais para o manejo dos RO de origem domiciliar. Neste sentido, o capítulo foi orientado por duas questões centrais: (i) como foi a gestão de RO nos últimos 130 anos (período de 1889 a 2020) no município de São Paulo? (ii) Quais são as perspectivas de gestão de RO para o futuro? Para responder ao objetivo e às questões de pesquisa, realizou-se um mapeamento da literatura científica e cinza sobre os aspectos históricos, institucionais e tecnológicos do tratamento de resíduos orgânicos na cidade de São Paulo. A análise documental foi utilizada para coleta e análise das informações. Os dados revelaram que, desde o início do século XX, quando o sistema de limpeza urbana e coleta de resíduos começou a se estruturar no município, até os dias atuais, a compostagem, a incineração e o aterramento estiveram presentes nas discussões em torno da solução para os RO em diversos períodos da história de São Paulo. A exemplo do estabelecimento dos aterros sanitários como destinação prioritária para os RSU do município de São Paulo na década de 1970-80, a incineração reaparece no cenário atual como uma saída “tecnoburocrata”, prometendo solucionar magicamente a problemática da gestão dos RSU, mas que desconsidera os custos socioambientais e econômicos envolvidos em todas as etapas deste processo. E, por fim, os resultados evidenciam que o debate atual remete às mesmas soluções de um século atrás, denotando uma lógica pendular na tomada de decisão municipal entre aterrar, queimar ou aproveitar.

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DOI: 10.5151/9786555501551-11

Referências bibliográficas
  • BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Aproveitamento energético do biogás de aterro sanitário. 2015. CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. 4. ed. São Paulo: Humanitas/FFLCHUSP, 2003. 338 p. CALADO, S.; FERREIRA, S. C. Análise de documentos: método de recolha e análise de dados. Metodologia de Investigação I. DEFCUL. 2004-2005.
Como citar:

CSEH, Amanda; GONçALVES-DIAS, Sylmara L. F.; "Histórico da Gestão de Resíduos Sólidos Orgânicos no Município de São Paulo: Aterrar, Queimar ou Aproveitar?", p. 199 -222. In: Agendas Locais e Globais da Sustentabilidade: Ciência, Tecnologia, Gestão e Sociedade. São Paulo: Blucher, 2022.
ISBN: 9786555501551, DOI 10.5151/9786555501551-11