A elocução no tribunal da inquisição

Ferreira, Luiz Antonio;

Resumo:

O primeiro nasceu em 1532, na Itália, em Montereale, uma pequena aldeia nas colinas do Friuli, a vinte e cinco quilômetros de Pordenone. Chamava-se Domenico Scandella, mas todos o conheciam como Menocchio, o moleiro. Seria até hoje um ilustre desconhecido não fosse o magistral trabalho de Carlo Ginzburg (1987) que o revelou para o mundo. Encerrado em uma pequena aldeia, Menocchio sustentou seus sete filhos com o rendimento de dois moinhos arrendados e, provavelmente por saber ler, escrever e somar, ocupou dois cargos importantes em sua região: magistrado (podestá) de sua aldeia e dos vilarejos em redor e, administrador (cameraro) da Paróquia de Montereale. Foi, como afirma Ginzburg (1987), um homem singular, bem diferente do camponês típico de seu tempo. Era também singular no ato de interpretar os poucos livros que lera e a pergunta de Ginzburg é importante para nossos propósitos: “em que medida a cultura predominantemente oral daqueles leitores interferia na fruição do texto, modificando-o, remodelando-o, chegando mesmo a alterar sua natureza?”1 A questão que advém dessa pergunta é também interessante: qual pode ser a consequência do gesto interpretativo?

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DOI: 10.5151/9786555503562-10

Referências bibliográficas
  • FERREIRA, Luiz Antonio. Leitura e Persuasão – princípios de análise retórica. São Paulo: Contexto, 2010, p. 116. GINZBURG, Carlo. O Queijo e os Vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Tradução por Betania Amoroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. SCOTT, Peter. Galileu Galilei: A curiosa vida de um dos maiores gênios da história. Editora Book Brothers, 2019, Edição Kindle.
Como citar:

FERREIRA, Luiz Antonio; "A elocução no tribunal da inquisição ", p. 153 -170. In: Sistema retórico: dispositio e elocutio. São Paulo: Blucher, 2023.
ISBN: 9786555503562, DOI 10.5151/9786555503562-10