Sobre o Prazer e a Dor de Ser: Efeitos Patéticos no Discurso Epidítico

Ferreira, Luiz Antonio;

Resumo:

Há, em qualquer ato retórico, uma hierarquização do dizer que corresponde objetivamente aos valores, crenças e opiniões do auditório. O ethos de um orador, então, adquire menor ou maior impacto persuasivo em função do lugar oratório que ocupa no instante em que se pronuncia publicamente. Quando, por exemplo, um Presidente da República, em meio a uma pandemia desesperadora, ceifadora de milhares de vidas no país, diz, em rede nacional, que não é “coveiro”, fala de um lugar institucionalizado e provoca um impacto no auditório diretamente proporcional ao poder que o orador adquiriu. A frase infeliz, vinda de onde veio, amplia a tensividade retórica, aciona a atenção do auditório que reage emocionalmente: a consciência é invadida pelo espanto que advém da doxa, o conjunto de juízos que uma sociedade aceita em um determinado momento histórico e que se infiltra fortemente nos escaninhos da comunicação social.

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DOI: 10.5151/9786555501018-10

Referências bibliográficas
  • AQUINO, Tomás de. Suma teológica. Volume II. São Paulo: Loyola, 2002. 920 p. ARISTÓTELES. Les grands livres d’éthique (magna moralia). Évreux: Arléa, 1995. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução, textos adicionais e notas de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2014.
Como citar:

FERREIRA, Luiz Antonio; "Sobre o Prazer e a Dor de Ser: Efeitos Patéticos no Discurso Epidítico ", p. 138 -154. In: O Suscitar das Paixões: A Retórica de Uma Vida. São Paulo: Blucher, 2021.
ISBN: 9786555501018, DOI 10.5151/9786555501018-10