O sofrimento como hífen na teoria social freudiana e sua atualidade

Silva Junior, Nelson da

Resumo:

As representações da teoria social de Freud, aquelas, por assim dizer, mais conhecidas, inspiram-se em três grandes textos: Totem e tabu (1913), Psicologia de massas e análise do ego (1920) e O mal estar na civilização (1930). Se o primeiro apresenta uma teoria da gênese da lei e da religião nas sociedades humanas a partir de uma construção hipotética e assumidamente especulativa, os dois últimos se concentram na análise dos efeitos irracionais da organização social.
Claro está que cada um destes textos é objeto de objeções provenientes de dentro e fora do campo psicanalítico. Contudo, poucas destas objeções levam em conta o método utilizado pelo criador da psicanálise para elaborar suas hipóteses sobre a organização social e seus efeitos. Este método, pouco conhecido, busca construir modelos sobre as determinações dos processos psíquicos a partir dos males individuais, das patologias psíquicas, enfim, do que escapa ao controle das consciências e causa sofrimento. Trata-se do método psicopatológico, que busca fazer inferências a respeito das estruturas subjacentes ao que é considerado normal pela sociedade a partir das aberrações e exageros presentes naquilo que ela julga anormal (SILVA JR., 1999).

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DOI: 10.5151/9788580392357-10

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Como citar:

SILVA JUNIOR, Nelson da; "O sofrimento como hífen na teoria social freudiana e sua atualidade", p. 135-148. A psicologia social e a questão do hífen - Vol. 1. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392357, DOI 10.5151/9788580392357-10