A Inserção das Festas Populares Brasileiras na Logística Reversa de Embalagens Descartáveis de Bebidas: uma Rede Extraordinária de Reciclagem Pós-Consumo e suas Implicações Socioambientais
Lima, Dumara Regina de ; Simões, André Felipe ; Mercedes, Sonia Seger Pereira ; Jacino, Ramatis
Resumo:
O presente trabalho analisa a geração e o gerenciamento de resíduos em emblemáticas festas populares brasileiras. Por meio de análise comparativa do Carnaval de rua do Rio de Janeiro-RJ e de São Paulo-SP e o Círio de Nossa Senhora de Nazaré de Belém-PA no período de 2016 a 2020, discute-se os conflitos de injustiça ambiental da reciclagem pós-consumo sob a égide da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que emerge no contexto do ciclo dos megaeventos mundiais sediados no Brasil. Vigente desde 2010, a PNRS marca a entrada formal de cooperativas de catadores no manejo de resíduos das festas, criando no ambiente festivo diferentes modalidades de catadores, dada a forte presente dos “catadores de latinha”, autônomos e informais. É neste quadro que se discute a PNRS e o estabelecimento dos princípios do poluidor-pagador e do protetor-recebedor aplicados aos resíduos gerados nas grandes festas, composto em grande parte por embalagens descartáveis de bebidas de diferentes plásticos e alumínio. Pôde-se depreender que as grandes festas, que contam cada vez mais com a participação direta do setor privado na sua organização, via política de patrocínio, se apresentam como canais privilegiados de distribuição de bebidas e de distribuição reversa de embalagens de bebidas, apontando no período analisado, um tipo de formalização da coleta seletiva dos plásticos, ainda em consolidação e operada pelas cooperativas, e de informalização da coleta seletiva do alumínio, já consolidada e operada pelos “catadores de latinha”. Nesses termos, no ambiente festivo, a logística reversa da lata de alumínio, apesar da sua consolidação e de seu elevado valor residual, oferece comparativamente as piores condições de trabalho para os catadores, que não contam com nenhum tipo de apoio e reconhecimento institucional. Reproduz assim situações de injustiça ambiental, indicando a necessidade premente de mecanismos articulados de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida da lata de alumínio e de integração social dos catadores autônomos e informais.
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DOI: 10.5151/9786555501551-09
Referências bibliográficas
- ABAL. Associação Brasileira do Alumínio. Anuário estatístico 2018. São Paulo: ABAL, [2019].
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- ACSELRAD, H. Justiça ambiental e construção social do risco. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 5, p. 49-60, 2002
Como citar:
LIMA, Dumara Regina de; SIMÕES, André Felipe; MERCEDES, Sonia Seger Pereira; JACINO, Ramatis; "A Inserção das Festas Populares Brasileiras na Logística Reversa de Embalagens Descartáveis de Bebidas: uma Rede Extraordinária de Reciclagem Pós-Consumo e suas Implicações Socioambientais", p. 163-182. Agendas locais e globais da sustentabilidade: ciência, tecnologia, gestão e sociedade. São Paulo: Blucher, 2022.
ISBN: 9786555501551, DOI 10.5151/9786555501551-09