Redes de projeto: formas de organização do design contemporâneo em direção à sustentabilidade
Franzato, Carlo
Resumo:
Os conceitos de design e sustentabilidade entrelaçam-se no horizonte do futuro. Nos trabalhos do grupo de pesquisa em design estratégico para a inovação cultural e social da UNISINOS, definimos o design “como processo criativo que visa ao desenvolvimento de dispositivos sociotécnicos para a transformação do mundo” (FRANZATO et al., 2015, p. 179). Procedemos com a identificação de quatro princípios constituintes do processo de design: criatividade, imanência, transitividade e prospectividade. O processo de design é expressão da capacidade humana de criar, ou seja, de imaginar alternativas ao status quo, ousadas ou até subversivas, e de trabalhar para torná-las possíveis. Esta criatividade, porém, não se realiza diretamente em ações transformadoras, mas fica imanente na dimensão metaprojetual. Assim, a transformação do mundo é potencial e, ademais, para que ocorra é necessário o desenvolvimento de dispositivos sociotécnicos interpostos, através dos quais o projeto transita, estendendo suas potencialidades transformadoras à realidade. Portanto, o processo de design é projetado para o futuro, prospectando dispositivos sociotécnicos e, consequentemente, a transformação do mundo. Também o conceito de sustentabilidade é ligado à transformação do mundo e orientado para o futuro. Segundo a declaração do Rio, essa é a característica desses processos de desenvolvimento que, ao mesmo tempo em que possibilitam às gerações presentes o alcance de seus objetivos, garantem às gerações futuras 100 Ecovisões projetuais: pesquisas em design e sustentabilidade no Brasil as mesmas oportunidades. Nesse sentido, “o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras” (UNCED, 1992, p. 2).
55 downloads
DOI: 10.5151/9788580392661-09
Referências bibliográficas
- Anderson, C. Makers: The New Industrial Revolution. Bancyfelin: Crown Business,
- 2012.
- BØDKER, K.; KENSING, F.; SIMONSEN, J. Participatory IT design: Designing
- for business and workplace realities. Cambridge: MIT Press, 2004.
- CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
- CELASCHI, F. DESERTI, A. Design e Innovazione. Strumenti e pratiche per la
- ricerca applicata. Milano: Carocci, 2007.
- CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
- – UNCED. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente
- e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: UNCED, 1992. Disponível em: <http://
- www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf>. Acesso em: 5 out. 2015.
- COUTO, R. O ensino da disciplina de Projeto Básico sob o enfoque do Design
- Social. 1991. Dissertação (Mestrado em Educação), Departamento de Educação,
- PUC-Rio, Rio de Janeiro, 1991.
- DEL GAUDIO, C. Design participativo e inovação social. A influência dos fatores
- contextuais. 2014. Tese (Doutorado em Design), Departamento de Artes e
- Design, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2014.
- DELEUZE, G.; GUATTARI, F. A Thousand Plateaus: Capitalism and Schizophrenia.
- Minneapolis: University of Minnesota Press, 1987.
- Foege, A. The Tinkerers: The Amateurs, DIYers, and Inventors Who Make America
- Great. New York: Basic Books, 2013.
- FRANZATO, C. Design nel progetto territoriale. Strategic Design Research Journal,
- v. 2, n. 1, p. 1-6, 2009.
- FRANZATO, C. et al. Inovação Cultural e Social: design estratégico e ecossistemas
- criativos. In FREIRE, K. (Org.). Design Estratégico para a Inovação
- Cultural e Social. São Paulo, Kazuá, 2015, p. 157-182.
- FRANZATO, C. O design estratégico no diálogo entre cultura de projeto e cultura
- de empresa. Strategic Design Research Journal, v. 3, n. 3, p. 89-96, 2010.
- FSF (Free Software Foundation). A Definição de Software Livre. Boston: FSF,
- 2015. Disponível em: <http://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html>.
- Acesso em: 5 out. 2015.
- GERSHENFELD, N. A. Fab: the coming revolution on your desktop. From personal
- computers to personal fabrication. New York: Basic Books, 2005.
- HILLGREN, P.A.; SERAVALLI, A.; EMILSON, A. Prototyping and infrastructuring
- in design for social innovation. CoDesign, v. 7, n. 3-4, p. 169-183, 2011.
- KAFKA, F. Die Verwandlung. Leipzig: Kurt Wolff Verlag, 1915.
- LEIBETSEDER, B. A critical review on the concept of social technology. Social
- Technologies, v. 1, n. 1, p. 7-24, 2011.
- LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: O futuro do pensamento na era da informática.
- Lisboa: Instituto Piaget, 1992.
- MALDONADO, T. Design industrial. Lisboa: Edições 70, 1999.
- MANZINI, E. Design para a inovação social e sustentabilidade. Comunidades
- criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Rio de Janeiro:
- e-papers, 2008.
- MANZINI, E.; VEZZOLI, C. A strategic design approach to develop sustainable
- product service systems: examples taken from the “environmentally friendly
- innovation” Italian prize. Journal of Cleaner Production, v. 11, n. 8, p. 851‑857,
- 2003.
- Marsh, P. The New Industrial Revolution: Consumers, Globalization and the End
- of Mass Production. London: Yale University Press, 2012.
- MERONI, A. Strategic design: where are we now? Reflection around the foundations
- of a recent discipline. Strategic Design Research Journal, v.1, n.1, p.
- 31-38, 2008.
- MICELLI, S. Futuro artigiano. L’innovazione nelle mani degli italiani. Venezia:
- Marsilio, 2014.
- MORAES, A. M.; SANTA ROSA, J. G. Design participativo. Técnicas para a inclusão
- de usuários no processo de ergodesign de interfaces. Rio de Janeiro:
- Rio Books, 2012.
- MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2011.
- MURRAY, R.; CAULIER-GRICE, J.; MULGAN, G. The open book of social
- innovation. London: Young Foundation/NESTA, 2010.
- NORMANN, R.; RAMÍREZ, R. From Value Chain to Value Constellation: Designing
- Interactive Strategy. Harvard Business Review, n. 71, p. 65-77, 1993.
- PORTER, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1990.
- PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE – UNEP. Design
- for Sustainability. Nairobi: UNEP, 1992. Disponível em: <http://www.
- unep.org/resourceefficiency/Business/SustainableProducts/DesignforSustainability/
- tabid/78845/Default.aspx>. Acesso em: 5 out. 2015.
- SANDERS, E. B.; STAPPERS, P. J. Co-creation and the new landscapes of design.
- CoDesign, v. 4, n. 1, p. 5-18, 2008.
- SCRIVENER, S. A. R. Editorial. CoDesign, v. 1, n. 1, p. 1-4, mar 2005.
- THACKARA, J. Into the open. In VAN ABEL, B. et al. (Org.). Open Design Now:
- Why Design Cannot Remain Exclusive. Amsterdam: BIS, 2012.
- VAN ABEL, B. et al. (Org.). Open Design Now: Why Design Cannot Remain Exclusive.
- Amsterdam: BIS, 2011.
- VON HIPPEL, E. Democratizing Innovation. Cambridge, MA: MIT Press, 2005.
- ZURLO, F. Design Strategico. In XXI Secolo (vol. Gli spazi e le arti). Roma: Enciclopedia
- Treccani, 2010. Disponível em: <http://www.treccani.it/enciclopedia/
- design-strategico_(XXI-Secolo)/>. Acesso em: 5 out. 2015.
Como citar:
FRANZATO, Carlo; "Redes de projeto: formas de organização do design contemporâneo em direção à sustentabilidade", p. 99-110. Ecovisões projetuais: pesquisas em design e sustentabilidade no Brasil: pesquisas em design e sustentabilidade no Brasil. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392661, DOI 10.5151/9788580392661-09