Resumo:

O objetivo do estudo deste capítulo foi avaliar o impacto socioambiental da cadeia têxtil brasileira, mensurando e analisando as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a geração de empregos decorrentes da demanda por produtos têxteis no Brasil. O método se baseou no modelo multirregional de insumo-produto (MRIP), com o uso da interface Pymrio e da base de dados Exiobase 3 para o ano de 2015. Os resultados apontam que a abordagem da demanda baseada no MRIP conduz a uma maior representação do setor de resíduos nas emissões totais da cadeia têxtil, em comparação com as tradicionais Avaliações do Ciclo de Vida (ACV). Em termos absolutos, entretanto, as emissões diretas pelo descarte têxtil de 2015 são maiores pelo método tradicional de inventário do que pelo MRIP. A simples redução da demanda têxtil como estratégia de mitigação das emissões de GEE se mostrou pouco atrativa socialmente devido à perda de empregos, sobretudo nacionais (130 empregos/Gg-CO2e), em comparação com aço e cimento, outros setores importantes com relação às contribuições para a mudança climática. Para se minimizar o impacto sobre o setor de resíduos, estratégias de ambos os lados, oferta e demanda têxtil devem ser adotadas. Para o lado da demanda, é fundamental a mudança do modelo fast fashion para o slow fashion, que prioriza os princípios da sustentabilidade (consumo consciente, durabilidade, eficiência material). Análises holísticas, como o MRIP, são essenciais na compreensão das inter-relações entre elementos naturais, econômicos e sociais, visando a promover a preservação ambiental e a sustentabilidade.Palavras-chave: aspectos socioambientais; cadeia têxtil; setor de resíduos; modelode insumo-produto.