Resumo:

Português, Matemática, História, Geografia, Física, Química... Por que será que, dentre tantas disciplinas, acabamos, por vezes, abominando justamente a Língua Portuguesa? Não conseguimos comunicar-nos perfeitamente do “bom dia” até o “boa noite”? Então, o que ocorre nesse meio tempo que faz com que percamos o interesse no ensino de nossa língua materna ou julguemos que não sabemos e/ou aprendemos Português? A fim de tentar responder a esses questionamentos, mostraremos, por meio de exemplos dediversos âmbitos do uso, como o Português é envolvente e encantador. Para tal, lançamos mão, ao longo de todo o capítulo, de exemplos de predicadores complexos com verbo suporte seguido de elemento nominal (adjetivo ou substantivo) preposicionado, que ora podem definir uma cena de fingimento (cf. PENHA, 2021), como dar uma de bom moço, fazer(-se) de salame, passar(-se) por tont(o/a), posar(-se) de vítima, tirar(-se) de difícil etc., e ora podem expressar formas lexicalizadas (idiomatismos) na nossa língua, tais como dar de bandeja, fazer de gato e sapato, passar por cima do meu cadáver, tirar de letra etc. A partir da análise de tais predicadores complexos, bem como dos diversos espaços (socio)discursivos em que ocorrências deles estão inseridas, dialogamos com Franchi (2006) e Basso; Pires de Oliveira (2012) e propomos pensar a língua como objeto de estudo científico e fruto de um processo conduzido pelo próprio indivíduo.