A Inventio e o Riso na Idade Média

Carmelino, Ana Cristina; Ferreira, Luiz Antonio;

Resumo:

A proposição de Aristóteles (1885), que abre esta seção, explica não apenas a tradição fisiológica do riso, como também evoca ações retóricas de julgamento sobre a própria risibilidade e sua natureza afetiva. Se olharmos o ato de rir numa perspectiva oratória, podemos entendê-lo como uma forma de enunciado não verbal que nos traduz e pode requerer capacidade inventiva para funcionar como argumento em muitas e muitas circunstâncias sociais. Nesse sentido, é componente constitutivo do ethos e, por isso, pode ser visto como um exercício de vocalidade e de historicidade de um orador. Se, por outro lado, considerarmos os discursos sociais sobre o riso como atos retóricos ligados ao gênero epidítico, os enunciados críticos neles contidos implicam ambiguidades e contradições ligadas ao corpo e à História. Se a afetividade é componente intrínseco da risibilidade, os atos retóricos sobre o riso inspiram debates de natureza histórica que, justamente por polemizarem as atitudes humanas, têm um aspecto cultural bem definido, nascidos em situações sociais marcadas no tempo, com nítida intenção de assegurar o apenas verossímil como sinônimo de uma verdade.

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DOI: 10.5151/9786555502251-04

Referências bibliográficas
  • AGOSTINHO, Santo. A instrução dos catecúmenos: teoria e prática da catequese. Petrópolis: Vozes, 2005. AUGUSTINE, Saint. DeDoctrina Christiana. Edited and translated by R. P. H. Green, Oxford, Clarendon Press, 1995. ALBERTI, Verena. O riso e o risível na história do pensamento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Editora FGV, 1999.
Como citar:

CARMELINO, Ana Cristina; FERREIRA, Luiz Antonio; "A Inventio e o Riso na Idade Média", p. 53 -68. In: Sistema Retórico: Inventio. São Paulo: Blucher, 2022.
ISBN: 9786555502251, DOI 10.5151/9786555502251-04