Para uma crítica da razão psicométrica

Patto, Maria Helena Souza;

Resumo:

Encaminhar para diagnóstico os alunos que não correspondem às expectativas de rendimento e de comportamento que vigoram nas escolas é um anseio de professores,técnicos e administradores escolares que um número crescente de psicólogos tem ajudado a realizar. Como regra, o exame psicológico conclui pela presença de deficiências ou distúrbios mentais nos alunos encaminhados, prática que terá resultados diferentes de acordo com a classe social a que pertencem: em se tratando de crianças da média e alta burguesia, os procedimentos diagnósticos levarão a psicoterapias, terapias pedagógicas e orientação de pais que visam a adaptá-las a uma escola que realiza os seus interesses de classe; no caso de crianças das classes subalternas, ela termina com um laudo que, mais cedo ou mais tarde, justificará a sua exclusão da escola. Nesse caso, a desigualdade e a exclusão são justificadas cientificamente (ou seja, com pretensa isenção e objetividade) por meio de explicações que ignoram a sua dimensão política e se esgotam no plano das diferenças individuais de capacidade.  

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DOI: 10.5151/9788580392906-04

Referências bibliográficas
  • Adorno, T. W. (1965). Tipos y síndromes. In Adorno, T. W et al. La personalidad autoritaria. Buenos Aires: Editorial Proyección. (1975). El psicoanalisis revisitado. In Adorno, T. W. et al. Teoria critica del sujeto. Madrid: Siglo XXI. (1992). Minima Moralia. São Paulo: Ática. Bisseret, N. (1978). A ideologia das aptidões naturais. In Durand, J. C. G (Org.) Educação e Hegemonia de Classe. As funções ideológicas da escola. Rio de Janeiro: Zahar.
Como citar:

PATTO, Maria Helena Souza; "Para uma crítica da razão psicométrica", p. 69 -86. In: Concepções e proposições em Psicologia e Educação. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392906, DOI 10.5151/9788580392906-04