Ortodoxia e desenvolvimento: inflação e mito
SAWAYA, Rubens R.
Resumo:
O problema da inflação no Brasil possui uma importância política e ideológica que deve ser desnudada e que vem sendo ocultada por uma falsa abordagem técnica fundada na economia neoclássica. Essa abordagem, depois de ter se tornado a justificativa para a instalação das políticas neoliberais nos anos 90, volta a se reforçar como a base do conservadorismo ortodoxo. O problema central amarra o país a certa ideologia que domina o debate e impede políticas de desenvolvimento ou de crescimento econômico. Impede a definição de estratégias de desenvolvimento uma vez que renega qualquer política econômica que procure controlar o movimento do capital, mesmo que seja para evitar sua própria destruição.
O viés ortodoxo ficou relativamente sob controle entre 2003 e 2010 pelo “pacto político” que, de um lado, colocou um presidente “market friendly” no Banco Central, garantindo taxas de juros elevadas, ainda que declinantes ao longo da década e, de outro lado, permitiu ao Governo realizar políticas públicas de investimento via Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e via crédito público (BNDES e CEF). Este arranjo político permitiu ao Brasil atingir a taxa de 7,5% de crescimento em 2010. Ao contrário do que o pensamento ortodoxo defende, o controle da inflação no período foi resultado da valorização cambial e da inflação mundial baixa, decorrente da estratégia chinesa em invadir o mundo com produtos baratos. O equilíbrio externo foi garantido pela elevação dos preços das commodities.
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DOI: 10.5151/9788580392470-03
Como citar:
SAWAYA, Rubens R.; "Ortodoxia e desenvolvimento: inflação e mito", p. 49-78. Desenvolvimento brasileiro em debate - Vol. 1. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392470, DOI 10.5151/9788580392470-03