Resumo:

A maioria das avaliações de impacto de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) indica que a estratégia é, em alguma medida, eficaz para reduzir o desmatamento e conservar florestas. No entanto, o quanto os resultados de conservação promovidos por PSA são mantidos após a suspensão dos pagamentos ainda é uma questão em aberto. A partir de uma abordagem contrafactual, investigamos os impactos no desmatamento de um projeto de REDD+ que forneceu PSA para reduzir o desmatamento praticado por pequenos agricultores na região da rodovia Transamazônica (estado do Pará). Foram feitas duas avaliações ao longo do tempo, a primeira durante a vigência do projeto e a segunda dois anos após seu encerramento. Os dados são provenientes de entrevistas realizadas com 98 unidades domésticas (52 de tratamento e 46 de controle). Os resultados apontam que os PSA conservaram, em média, 7,80% da cobertural florestal (i.e., 6,10 ha) por propriedade inscrita. Após o encerramento, o desmatamento retomou a tendência anterior, mas sem ultrapassá-la. Dessa forma, a redução do desmatamento não foi permanente, mas o projeto deixou resultados de conservação de longo prazo, tendo em vista que a eliminação total dos ganhos somente ocorreria caso a retomada do desmatamento fosse a taxas maiores do que seria observado na ausência do projeto. Concluímos que os PSA devem ser idealmente planejados como programas de longo prazo, para que a redução do desmatamento alcançada possa persistir. Porém, mesmo quando temporários, nossas evidências indicam que seus resultados de conservação não serão totalmente revertidos e, sendo assim, os investimentos nos PSA não terão sido em vão.