O fenômeno psicossocial e o problema de sua proposição
GONÇALVES FILHO, José Moura
Resumo:
Por que o adjetivo social para fenômenos psicológicos? Por que falamos em fenômenos psicossociais? Haverá fenômeno cuja inteligibilidade não exija esposar suas determinações sociais? E haverá fenômeno que deva ser interpretado sem que a interpretação considere o lugar social do intérprete? Todo fenômeno, exigindo atenção sobre suas determinações e sobre o ponto de vista de seus intérpretes, não exigirá atenção social?
Um fenômeno, no modo como se manifesta, inclui a visada daqueles para quem houve manifestação. O fenômeno e a visada reclamam-se mutuamente. Um fato aparente, no modo como aparece, inclui a perspectiva daqueles para quem houve aparição. Um fato inclui aqueles que o testemunham: o pendor das testemunhas participa da coisa testemunhada. Inversamente, incluídos no campo do fato e movendo-se em seu meio, sentimos atrações e pressões que nos superam, vivemos uma influência como que externa e que mais ou menos dirige nossos testemunhos. Mas eis o assunto que mais especificamente impõe-se aqui: condições sociais parecem informar assiduamente o fenômeno e o ângulo pelo qual o vivemos. E parecem informá-los, o fenômeno e o ângulo, simultaneamente.
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DOI: 10.5151/9788580392357-02
Referências bibliográficas
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Como citar:
GONÇALVES FILHO, José Moura; "O fenômeno psicossocial e o problema de sua proposição", p. 31-40. A psicologia social e a questão do hífen - Vol. 1. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392357, DOI 10.5151/9788580392357-02