Resumo:

Comparativamente às iniciativas de mitigação, a agenda da adaptação climática se insere em desafios mais amplos que remetem à própria noção de desenvolvimento (por exemplo, alimentação, renda mínima, disponibilidade de água e energia). Assim, ao mesmo tempo que a agenda de adaptação se beneficia da visibilidade dos desafios, também herda a relevância (ou negligência) relegada a esses temas ao longo da história dos Estados. No Brasil, as últimas duas décadas foram marcadas por avanços simbólicos, retrocessos, retomadas e divergências na agenda de adaptação em âmbito nacional. Esses processos foram pouco sistematizados e analisados na literatura sob uma perspectiva histórica, o que poderia oferecer insumos para o fortalecimento das futuras políticas federais de adaptação. Nesse sentido, este capítulo tem comoobjetivo analisar, por meio de uma revisão bibliográfica e documental, os principais marcos brasileiros relacionados aos dilemas, avanços e desafios no planejamento; à implementação e ao financiamento público da adaptação em âmbito nacional nas últimas duas décadas. A análise histórica evidenciou o efeito, dentro de horizontes temporais razoavelmente curtos, de mudanças das coalizões dominantes na desmobilização e desarticulação da agenda de adaptação à mudança climática. A setorização e pulverização descoordenada das iniciativas de adaptação reflete a necessidade de uma gestão pública efetivamente transversal. Seria fundamental para uma abordagem transversal de planejamento, monitoramento e controle, uma categorização orçamentária clara dos recursos comprometidos com adaptação, assim como clareza e transparência na execução orçamentária e na evidenciação dos resultados de cada uma das políticas públicas setoriais envolvidas.Palavras-chave: política climática; adaptação; institucionalismo histórico.