Acidente, trauma e catástrofe na clínica psicanalítica
Endo, Paulo Cesar
Resumo:
O papel traumatogênico atribuído por Ferenczi aos excessos cometidos pelo adulto na relação assimétrica com a criança situa o corpo infantil, como objeto visado e submetido a um desejo que lhe é alheio, sem que, no entanto, lhe seja completamente estrangeiro. O adulto que violenta a criança e, em seguida, precisa desculpar-se a fim de atenuar seu ato incestuoso e deletério, reflete o modo ambivalente da defesa infantil que incorpora a culpa do adulto, salvaguardando seu objeto de amor e de ternura (não é o papai que é culpado, sou eu). O ônus psíquico é a paralisia do eu, que se desabilita em sua função de proteção da vida psíquica. “[...] a força e a autoridade esmagadora dos adultos, que as emudecem, podendo até fazê-las perder a consciência”. atua como uma força invencível e desumanizada que desconhece a alteridade.
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DOI: 10.5151/9786555502558-01
Referências bibliográficas
- Ferenczi, Sandor. (1932). Confusão de línguas entre os adultos e a criança. Obras Completas. São Paulo, Martins Fontes, 1992. v. IV, p. 102.
- Ferenczi, Sandor. (1934). Reflexões sobre o trauma. Obras Completas. São Paulo, Martins Fontes, 1992, v. IV, p. 113.
- Le Poulichet, Sylvie. (1994) O Tempo na Psicanálise. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1996, p. 82.
Como citar:
ENDO, Paulo Cesar; "Acidente, trauma e catástrofe na clínica psicanalítica", p. 43-56. Psicanálise: confins : memória, política e sujeites sem direitos. São Paulo: Blucher, 2022.
ISBN: 9786555502558, DOI 10.5151/9786555502558-01