Sobre o significado identitário na Sociolinguística: a construção do gênero

Severo, Cristine Gorski;

Resumo:

Este capítulo pretende discutir e problematizar a dimensão social e identitária dos estudos de variação/mudança linguística com enfoque no processo de construção do gênero. Para tanto, consideraram-se os seguintes aspectos teóricos: (i) a relação entre significado social e língua, e o papel das avaliações sociais na (re)construção das identidades; (ii) a língua vista como prática social. Tal discussão considerará tanto textos mais clássicos da sociolinguística variacionista, como reflexões que expandem a concepção de língua para a noção de prática social. Serão considerados, também, autores que têm problematizado questões de identidade na contemporaneidade, como Hall (2006) e Brubaker e Cooper (2000). Na conclusão, são apresentadas algumas questões gerais e “precauções metodológicas” consideradas importantes para uma pesquisa que busque trabalhar na intersecção entre identidade e língua. Propõe-se que um alargamento do conceito de língua – tomada como prática social e não apenas como um sistema heterogêneo de formas linguísticas – possibilita a consideração de aspectos linguístico-discursivos fundamentais para se refletir sobre a relação língua e identidade. Dessa forma, argumenta-se a favor de um olhar mais amplo para fenômenos sociolinguísticos, em direção a uma sociolinguística crítica (SINGH, 1996; BLOMMAERT, 2012).

Capítulo:

Palavras-chave: ,

DOI: 10.5151/9788580391213-0002

Referências bibliográficas
  • AMANTE, Francisco Hegídio. Somos todos manezinhos. Florianopolis: Papa-Livro, 1998.
    BAKHTIN, Mikhail. O discurso no romance (1934-35). In: Questões de Literatura e de Estética: a teoria do romance. São Paulo: Unesp, 1998 [1988].
    BLOMMAERT, Jan. Supervernaculars and their dialects. Dutch Journal of Applied Linguistics, v. 1, n. 1, 2012. p. 1-14.
    BRUBAKER, Roger; COOPER, Frederic. Beyond ‘Identity’. Theory and Society, 29, p. 1-47, 2000.
    ECKERT, Penelope. Linguistic variation as social practice. Oxford: Blackwell, 2000.
    ECKERT, Penelope. Variation and the indexical field. Journal of Sociolinguistics 12/4, p. 453-476, 2008.
    HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva; Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
    LABOV, William. The study of language in its social context. In: Fishman, J. A. (org.) Advances in the Sociology of Language, vol. 1. The Hague/The Netherlands: Mouton, 1971, p.152–216.
    LABOV, William. Sociolinguistic Patterns. Pennsylvania: University of Pennsylvania Press, 1972.
    LABOV, William. The linguistic consequences of being a lame. Language in Society, 2, p. 81-115, 1973.
    LABOV, William. Crossing the Gulf between Sociology and Linguistics. The American Sociologist, v. 13, n. 2, p. 93-103, 1978.
    LABOV, William. Review of Penelope Eckert, Linguistic variation as social practice. Language in Society, n. 31, p. 277–306, 2002.
    LAKOFF, Robin. Linguagem e lugar da mulher (1973). In: OSTERMANN, C.;
    FONTANA, B. (orgs). Linguagem, Gênero Sexualidade. São Paulo: Parábola, 2010. p.13-30.
    LIMA, Sumaya Machado. Ratoeira bem cantada e cantigas de amigo: possíveis diálogos que atravessaram o tempo. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos). Florianópolis, 2013.
    PEREIRA, Nereu do Vale; PEREIRA, Francisco do Vale; NETO, Waldemar Joaquim da Silva. Ribeirão da Ilha, vida e retratos – um distrito em destaque. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, Coleção Memória de Florianópolis, n. 3, 1990.
    POPLACK, Shana. On dialect acquisition and communicative competence: the case of Puerto Rican Bilinguals. Language in Society 7, 1978. p. 89-104.
    SEVERO, C. G.; SOUZA, C. M. N. identidade e língua na ilha de Santa Catarina: sobre a relação entre o manezinho e o manezês. In: SAVEDRA, M. M. G; MARTINS,
    M. A.; DA HORA, D. (orgs.). Identidade social e contato linguístico no português brasileiro. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2015, p.13-36.
    SINGH, Rajendra. Towards a Critical Sociolinguistics. Amsterdam: John Benjamins, 1996.
    VALLE, Carla Regina Martins. Multifuncionalidade, mudança e variação de marcadores discursivos derivados de verbos cognitivos: forças semântico-pragmáticas, estilísticas e identitárias em competição. Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Linguística. Florianópolis: UFSC, 2014.
Como citar:

SEVERO, Cristine Gorski; "Sobre o significado identitário na Sociolinguística: a construção do gênero", p. 75 -90. In: Mulheres, Linguagem e Poder - Estudos de Gênero na Sociolinguística Brasileira. São Paulo: Blucher, 2015.
ISBN: 978-85-8039-121-3, DOI 10.5151/9788580391213-0002