"Novos sujeitos", novos movimentos e a gênese de novas perspectivas teóricas

ADELMAN, Miriam;

Resumo:

Segundo Kuhn (1962), responsável pela noção de “mudança de paradigma” (paradigm shift) tão cara à sociologia do conhecimento desde então57, a “ciência normal” do dia-a-dia do mundo acadêmico caracteriza-se principalmente pela transmissão de conhecimento e a aplicação de modelos já estabelecidos e aceitos por uma comunidade de cientistas a novos problemas de pesquisa. Num jogo complexo entre cultura e experiência, é a cultura científica existente que determina, neste cotidiano, o campo da prática científica, seus desafios e seus limites. No entanto, há também momentos de ruptura – exatamente essas “mudanças de paradigma” que se dão a partir de situações que conduzem às pessoas a “perder a fé” num modo de pensar e se tornar dispostas a apostar noutro. Assim, mudanças sociais e culturais que ocorrem dentro e fora das instituições do mundo científico fazem parte do processo tanto quanto as questões mais diretamente ligadas à “evolução do conhecimento” em si.Hoje em dia, muito depois de Marx (e sua distinção entre ciência e ideologia) e de Kuhn, bem como de todo um trabalho posterior de epistemologia da ciência e sociologia do conhecimento que nas últimas décadas acrescentam novas dimensões a nossa compreensão das relações de poder/saber, nada disso resulta muito surpreendente. O tempo todo repetimos que os paradigmas – que fornecem uma orientação básica sobre a definição de problemas e “objetos” da ciência, as “evidências” e como interpretá-las – estão imbricados em processos sociais e históricos complexos, nos quais fatores “políticos”, como os interesses concretos de grupos sociais dominantes (e subalternos) e a política das instituições acadêmicas em si, entram na negociação do conhecimento e dos métodos “legítimos” de se obtê-lo.

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DOI: 10.5151/9788580391473-02

Como citar:

ADELMAN, Miriam; ""Novos sujeitos", novos movimentos e a gênese de novas perspectivas teóricas", p. 69 -84. In: A Voz e a Escuta: Encontros e desencontros entre a teoria feminista e a sociologia contemporânea. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580391473, DOI 10.5151/9788580391473-02