A linguística como matriz colonial: a questão das práticas orais afro-brasileiras

Camozzato, Nathalia Müller;

Resumo:

O presente trabalho, ancorado nas noções de opção descolonial (ou decolonial) (MIGNOLO, 2008; QUIJANO, 2005), resistência epistêmica (MIGNOLO, 2008) e de vontade de saber e vontade de poder (FOUCAULT, 1999), visa a investigar a matriz colonial existente na produção de conhecimentos linguísticos e metalinguísticos que culminam na assunção de certas teorias linguísticas que vigoram no formato disciplinar contemporâneo da área da linguística, ou seja, atenta-se para a formação discursiva do encontro colonial presente na suposta metodologia científica (MUDIMBE, 2013). O segundo objetivo ora adotado é demonstrar a existência de algo denominamos “ensurdecimento” dessas vertentes da linguística às questões da materialidade sonora da linguagem e suas implicações. Com isso, interpelamos os estudos da voz, da oralidade e os estudos musicológicos como maneiras de colocar em questão algumas verdades assumidas pelo campo de estudos das línguas/da linguagem. Buscamos, então, problematizar uma certa “lógica cartesiana do escrito” (DIAGNE, 2012) que rege a tradição acadêmica especialmente no interior de algumas teorias linguísticas, voltadas, por sua vez, majoritariamente, para o texto enquanto escritura e não como oralidade, musicalidade ou como performance – uma vez que mesmo quando a análise  volta-se para os chamados “dados de fala”, o faz sempre na via de transcrições, ou seja, sempre em uma relação fonema-grafema.

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DOI: 10.5151/9788580392111-18

Como citar:

CAMOZZATO, Nathalia Müller; "A linguística como matriz colonial: a questão das práticas orais afro-brasileiras", p. 321 -342. In: Kadila: culturas e ambientes - Diálogos Brasil-Angola. São Paulo: Blucher, 2016.
ISBN: 9788580392111, DOI 10.5151/9788580392111-18