Psicossocial: continuum ontológico do processo relacional

RIBEIRO, Marcelo Afonso;

Resumo:

A questão do psico-social ou do sócio-psicológico, ou, ainda, da intersubjetividade, ou, se quisermos sintetizar, da clássica relação eu-outro, foi compreendida ao longo da história das ciências humanas e sociais por meio de dois olhares puros: o olhar da psicologia individual e o olhar da sociologia, cada qual privilegiando um dos eixos da relação – ou seriam extremos da relação? A questão psico-social e as significações do hífen, como linha analítica central proposta para o presente texto e questão fundante para o campo da psicologia social, colocam em cena o velho dilema anteriormente postulado, representado pelo hífen, sobre a origem da determinação da vida humana: a pessoa é gerada pela estrutura social ou a estrutura social é fruto da relação entre as pessoas? Posturas subjetivantes e posturas socializantes governaram a trajetória da construção argumentativa das ciências humanas e sociais, mas foram sendo interpeladas por posturas mais híbridas, no sentido que Latour (1994) propõe, ou seja, de ser individual e social ao mesmo tempo, pela ruptura da separação dicotômica entre ambos, corroborada pela ideia de junção – o híbrido não opera com a lógica do “ou”, e sim com a lógica do “e” (SANTAELLA; CARDOSO, 2015).

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DOI: 10.5151/9788580392357-18

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Como citar:

RIBEIRO, Marcelo Afonso; "Psicossocial: continuum ontológico do processo relacional", p. 263 -278. In: A psicologia social e a questão do hífen. São Paulo: Blucher, 2017.
ISBN: 9788580392357, DOI 10.5151/9788580392357-18